Em entrevista concedida ao programa Bom Dia, Ministro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abordou o cenário fiscal brasileiro e destacou a importância de reequilibrar as contas públicas, mas sem comprometer o salário mínimo ou os programas sociais, como o Bolsa Família. A entrevista trouxe uma série de reflexões sobre o papel das grandes empresas no pagamento de impostos e as reformas estruturais que estão em andamento no país.
Desde 2015, segundo Haddad, o Brasil vive um processo de desajuste fiscal, agravado pela queda no ranking mundial das maiores economias do mundo. "Nós passamos de sexta para a 12ª economia do mundo. Hoje já somos a oitava novamente, e estamos a duas posições de recuperar o recorde do governo Lula", afirmou o ministro, em uma fala que reflete o otimismo em relação à recuperação econômica.
Ajuste fiscal e equilíbrio
Haddad enfatizou a necessidade de um ajuste fiscal criterioso. Segundo ele, o processo deve ser feito sem sobrecarregar os que mais precisam da ajuda do Estado. "Você deixa uma grande empresa 10 anos sem pagar imposto e, para equilibrar as contas, vai em cima do salário mínimo? Não pode ser assim. Tem que acabar com esses 'jabutis'", declarou o ministro, criticando os privilégios concedidos a grandes corporações.
Ele ressaltou que o governo tem buscado apoio do Congresso para promover ajustes fiscais que sejam justos, de forma a garantir que todos contribuam de maneira proporcional à sua capacidade. Segundo o ministro, não há "lobby de pobre" em Brasília, mas o setor empresarial tem grande influência sobre as decisões políticas. "É um inferno. Temos que acabar com esses lobbies empresariais", acrescentou.
Geração de empregos e crescimento econômico
Entre os destaques positivos, Haddad apontou a geração de mais de 1,5 milhão de empregos em poucos meses, fato que, segundo ele, tem contribuído para o crescimento econômico previsto em 3% para este ano. "Estamos batendo recorde de geração de empregos. Hoje o problema não é demanda, mas oferta de mão de obra. Empresários de diversos setores estão com dificuldade de contratar", afirmou.
Ele também comentou sobre a deflação registrada no último mês e como a combinação de baixa inflação e alto nível de empregos coloca o Brasil em uma das melhores posições históricas do ponto de vista econômico.
Reformas estruturais e desafios
O ministro destacou que, além do ajuste fiscal, o governo está comprometido em realizar reformas estruturais de longo prazo, como a tributária e a do novo arcabouço fiscal. Ele lembrou que a reforma tributária estava em discussão há mais de 40 anos, mas só agora foi possível avançar. "Conseguimos fazer a maior reforma tributária dentro do regime democrático, o que é uma vitória histórica", celebrou.
No entanto, Haddad não minimizou os desafios à frente. Ele destacou que a economia global enfrenta incertezas, desde mudanças climáticas a tensões geopolíticas, e que o Brasil deve continuar atento. "Economia é como uma estrada. Você nunca sabe o que vai encontrar na próxima curva. O PIB pode crescer, mas há muitas variáveis fora do nosso controle", alertou.
Tributação das grandes fortunas
Durante a entrevista, Haddad também abordou um tema polêmico: a tributação das grandes fortunas. Embora considere a medida justa, o ministro reconheceu as dificuldades práticas de implementá-la em nível nacional, citando a possibilidade de evasão fiscal e mudança de domicílio dos mais ricos. Por isso, o governo brasileiro levou a proposta ao G20, sugerindo que a tributação seja feita de forma internacional. "Se você tem bilhões de dólares, deve ser tributado, independentemente do país em que reside", explicou.
Com um tom otimista, o ministro reforçou que o governo está comprometido em ajustar as contas públicas sem sacrificar os mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que busca reformar setores estratégicos para garantir o crescimento sustentável e equilibrado do país. "Temos muitos desafios, mas também muitas oportunidades pela frente", concluiu Haddad, deixando uma mensagem de esperança em relação ao futuro econômico do Brasil. Assista:
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