Trombose: entenda sobre a doença, que pode ser silenciosa


 A trombose é uma doença caracterizada pela formação de trombos (coágulos) nas veias ou artérias de qualquer parte do corpo, dificultando ou impedindo o fluxo sanguíneo. Segundo a Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH), a cada ano, quase 300 mil brasileiros são acometidos por algum fenômeno trombótico. A embolia pulmonar é uma complicação grave e fatal em 30% dos casos. No mês em que se celebra o Dia Mundial da Trombose (13 de outubro), é ocasião de saber mais sobre um problema que em boa parte dos casos pode ser evitado com medidas simples do dia a dia.

Por ser venosa ou arterial, a trombose pode atingir qualquer parte do corpo – e não apenas as pernas, como é o pensamento mais comum. Todo o sistema vascular pode ser afetado pela formação de coágulos dentro dos vasos. Segundo a cirurgiã vascular Glenda Rocha, a mais comum, e que também oferece risco de causar embolia pulmonar, é a trombose venosa profunda.

“Geralmente ela acomete as veias profundas das pernas”, diz. A região mais comum de fato são as pernas e o território venoso, o que causa preocupação por conta da embolia pulmonar, que ocorre quando os trombos se soltam das pernas, passam pelo coração e podem parar no pulmão, colocando a vida do paciente em risco. A embolia pulmonar causa falta de ar, respiração rápida, dor no peito e, ocasionalmente, tosse com sangue.

Os sintomas mais comuns para se ficar atento, enfatiza Glenda, são dor e inchaço na perna de forma aguda, mas não são os únicos e também podem variar de pessoa para pessoa. Os sintomas da trombose podem variar bastante, dependendo da sua extensão e do vaso acometido. Mas quando se fala em trombose venosa, é importante sempre estar atento aos sinais como a dor muscular associada a um inchaço persistente, principalmente nas pernas.

Algumas características e hábitos tornam o indivíduo mais suscetível à trombose, como: obesidade, idade avançada (mais de 75 anos), imobilidade no leito, gravidez, uso de anticoncepcional, reposição hormonal e doenças autoimunes, inflamatórias (como a covid-19), cardíacas, câncer, diabetes, e outras hereditárias que determinem a trombofilia.

Hábitos
Os hábitos de vida têm um papel fundamental no aparecimento da trombose. “O sedentarismo atua como um dos fatores principais a facilitar o aparecimento do trombo. É o que pode causar estase, a estagnação do sangue ou da linfa. O sangue tem mais dificuldade em retornar e fica mais tempo na perna, isso é um dos fatores da formação do coágulo”, explica.

O movimento é importante, principalmente quando se fala de trombose em território venoso. Fazer atividades físicas é uma forma de prevenir o aparecimento da doença. Pessoas que viajam muito de avião ou realizam longas viagens de carro ou ônibus têm mais chance de sofrerem com trombose por causa do longo tempo sem movimentar o corpo.

O longo tempo em uma mesma posição, seja em um veículo de transporte, em casa ou em um escritório, intensifica as chances de coágulos. Mas atenção: quando a trombose é diagnosticada e estabelecida, é necessário o repouso durante a fase aguda.

Mais de 50% dos casos de trombose venosa ocorrem durante ou após a internação hospitalar, de acordo com dados da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH). Por isso, os profissionais de saúde devem ser instruídos a tomarem medidas como a realização de avaliações de risco de trombose quando os indivíduos são internados no hospital.
O tabagismo é outro hábito não recomendado que tem uma relação direta com a trombose, segundo a cirurgiã. “É fato que pacientes fumantes têm maior risco de desenvolver trombose”, ressalta. O cigarro tanto provoca uma facilidade do sangue coagular no território venoso como no arterial. O cigarro ajuda a formar placas de colesterol no organismo, a médio e longo prazo, facilitando a coagulação do sangue.

É também verdade que gestantes têm mais risco de trombose. Segundo Glenda, o hormônio feminino (estrógeno) tem uma ação direta nos receptores das veias, o que aumenta o risco de trombose venosa. No período de gestação, há um aumento da coagulabilidade do sangue, para a prevenção de grandes hemorragias no parto. Pacientes com histórico de trombose, seja pessoal ou familiar, devem manter cuidados redobrados e acompanhamento durante toda a gravidez.

A alimentação saudável, assim como a atividade física regular, previne doenças vasculares que podem ser uma das causas da trombose arterial e venosa. Como parte da dieta, um dos fatores mais importantes para a prevenção é uma boa hidratação. A bebida alcoólica também pode colaborar para o desenvolvimento de um quadro de trombose, apesar de não ser algo de forma direta. O uso em excesso leva à desidratação, aumentando as chances de desenvolvimento.

Apesar dos riscos associados aos hormônios femininos, os homens ainda são as maiores vítimas da trombose. O gênero masculino é mais propenso a desenvolver coágulos sanguíneos do que as mulheres e, quando têm trombose, são mais propensos a ter recorrência do que elas.
Foi também confirmado que a covid-19 aumenta o risco de ter trombose porque promove anormalidades na coagulação. E isso facilita a formação de coágulos por meio de um mecanismo ainda não totalmente conhecido. Glenda afirma que a covid-19 é de fato uma doença “trombogênica”, e geralmente pode ocasionar um quadro mais grave porque ocorre em artérias e outros lugares menos comuns.

“A melhor forma de reduzir as complicações é o diagnóstico e o tratamento precoces”, afirma Glenda Rocha. Segundo ela, houve avanços na realização do diagnóstico, sendo uma das principais a presença do exame de ultrassom vascular. “Hoje ele está bastante disponível e tem alguns prontos-socorros. Atualmente é o principal exame para o diagnóstico da trombose venosa”, diz.

MSN

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