"Se nós não falarmos de segurança pública, a extrema-direita irá pautar o tema da pior maneira possível”, diz deputado

 


Em entrevista ao programa Reconversa, de Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde, no Youtube, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) revelou os ataques que sofreu durante sua campanha eleitoral devido à sua orientação sexual e estrutura familiar. O parlamentar denunciou a divulgação de fotos suas com o marido e o filho adotivo, Gabriel, em uma tentativa de desqualificá-lo como representante do Espírito Santo. "Meus adversários espalhavam essas imagens e perguntavam para a população: 'Esse é o tipo de família que você quer que represente o estado?'. Isso é muito duro", desabafou Contarato.

O senador também relatou as dificuldades enfrentadas durante o processo de adoção de Gabriel. "O promotor se posicionou contra, alegando que uma criança precisa de pai e mãe, e jamais de dois pais", revelou. Apesar das resistências, Contarato conseguiu reverter a decisão na Justiça, e o Estado do Espírito Santo foi condenado a indenizá-lo pelo comportamento homofóbico do Ministério Público. "Foi uma luta que registrei em um livro, para que meus filhos saibam o quanto batalhamos para construir nossa família."

A omissão da esquerda na segurança pública

Durante a entrevista, Contarato também criticou a postura da esquerda em relação ao debate sobre segurança pública. Ele defendeu a necessidade de endurecimento de penas para crimes graves e criticou o abandono do tema por parte dos progressistas. "Se nós, da esquerda, não falarmos de segurança pública, a extrema-direita irá pautar o tema da pior maneira possível", alertou.

O senador mencionou seu projeto de lei que propõe o aumento do período de internação para adolescentes que cometem atos infracionais com violência. Ele citou o caso de um jovem de 17 anos que invadiu uma escola no Espírito Santo e matou sete pessoas. "Atualmente, ele pode ficar internado no máximo por três anos. Isso não é razoável", afirmou.

Polêmicas e embates com a direita

Contarato também criticou a direita por distorcer conceitos jurídicos e promover pautas "odientas". Ele questionou o projeto aprovado pela Comissão de Segurança Pública do Senado que previa a castração química para estupradores. "Essa medida sequer passou pelo plenário do Senado. Enquanto isso, tentaram aumentar a pena para crimes contra o patrimônio, como estelionato, para até 19 anos. Isso é uma aberração jurídica", criticou.

O senador também rebateu os discursos sobre anistia para os golpistas do 8 de Janeiro. "No Brasil, um crime não é cometido apenas por ação, mas também por omissão. As pessoas que estavam nos acampamentos e as forças de segurança que nada fizeram são igualmente culpadas", argumentou. Para ele, defender anistia aos participantes dos atos golpistas é um equívoco grave. "Eles estavam ali para desestabilizar o regime democrático. Não eram 'senhorinhas inocentes'."

Falta de abertura na esquerda

Contarato revelou sua frustração com a falta de espaço para discutir segurança pública dentro da própria esquerda. "Quando o presidente Lula foi eleito e formou a equipe de transição, eu, que fui delegado por 27 anos e sou professor de Direito Penal desde 1999, não fui chamado para contribuir", lamentou.

O senador defendeu que a esquerda precisa ampliar seu discurso para dialogar com a população sobre temas como combate à corrupção, segurança pública e direitos humanos. "Direitos humanos também envolvem proteger famílias de policiais mortos em serviço, combater a violência doméstica e punir crimes sexuais. Precisamos ressignificar esse debate e tirar o monopólio da direita sobre o tema."

Brasil247

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