Filme brasileiro ‘O Agente Secreto’ é aplaudido de pé por 13 minutos em Cannes; assista vídeo


 O cinema brasileiro roubou a cena em Cannes 2025 com “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho: o thriller político estrelado por Wagner Moura arrancou 13 minutos de aplausos ininterruptos — cinco ainda nos créditos e mais oito depois — até que o diretor pediu o fim da festa. A jornalista Jada Yuan, do Washington Post, testemunhou: foi a “mais longa e entusiasmada que já vi até agora no festival”, enquanto gritos de “bravo!” ecoavam pelo Grand Théâtre Lumière.

No palco, Mendonça celebrou sua equipe: “Quero agradecer a toda a equipe que fez este filme \[…] Foi uma grande experiência fazer O Agente Secreto. Muito obrigado!”, proclamou, ao lado de Moura, Udo Kier, Maria Fernanda Cândido e Gabriel Leone. A recepção calorosa jogou combustível na conversa de que o ator baiano pode faturar o prêmio de Melhor Ator, a ser anunciado no sábado (24).

As primeiras críticas não pouparam adjetivos: “obra-prima”, “homenagem vibrante ao cinema” e “tensão política crescente” são rótulos que se repetem nas resenhas internacionais. Embora ambientado em 1977, Mendonça faz questão de pontuar que sua história sobre um professor de tecnologia espionado ao voltar ao Recife não se limita a um filme de regime: “O fato de ele passar em 1977 não faz do filme automaticamente e obrigatoriamente um filme sobre ditadura”, defendeu. “A palavra ditadura não está no filme.”

A produção, filmada em 16 meses (cinco de pré-produção, três de set e quase oito de montagem), nasce cercada de expectativas para a temporada de premiações. Após o duplo triunfo brasileiro com “O Último Azul” em Berlim e “Ainda Estou Aqui” no Oscar, especialistas já veem “O Agente Secreto” como forte candidato para 2026 — e Moura, potencial sucessor dos feitos recentes de atores latinos no circuito.

Ainda sem data confirmada, o diretor planeja estreia no segundo semestre: “Esse é um filme brasileiro que eu quero muito que seja visto no Brasil. Acho que é um filme de grande público”, disse à CBN. Distribuidores discutem janela que maximize o barulho de Cannes e alinhe a campanha ao Oscar internacional.

Kleber Mendonça Filho volta a um velho território familiar: depois do prêmio do Júri por “Bacurau”, ele prova que sua combinação de tensão social e afeto cinéfilo continua a incendiar plateias europeias. Se a ovação interrompida for prenúncio, o agente secreto de Recife pode em breve abrir portas não só no tapete vermelho francês, mas em Hollywood.

 

DCM

Postar um comentário

0 Comentários