Mais de 8 mil professores estaduais foram afastados por motivos relacionados à saúde mental em 2024

 Número representa 13% do quadro da rede estadual. Dado é do próprio governo e foi apresentado pela deputada Ana Júlia 

                                   Falta de Professores no Brasil Compromete Qualidade da Educação - SIMUSAR 

Mais de 8,8 mil professores da rede estadual de ensino do Paraná foram afastados dos trabalhos por motivos relacionados à saúde mental em 2024. O dado é da Secretaria de Estado da Administração e da Previdência (Seap) e foi fornecido em resposta a um requerimento apresentado pela deputada Ana Júlia Ribeiro (PT).

O número de professores e professoras afastados representa cerca de 13% do total da rede estadual, que atualmente tem 68.837 profissionais, segundo o portal Consulta Escolas. a situação é mais alarmante entre os profissionais concursados (QPM): os 8.888 afastamentos correspondem a 23,5% do quadro efetivo de 37.773 docentes. A categoria vem denunciando uma estresse e cobranças para o cumprimento de metas.

Ana Júlia citou o dado na sessão desta segunda-feira (2) da Assembleia Legislativa, que tratou da morte da professora Silvaneide Monteiro Andrade, de 56 anos, dentro do Colégio Estadual Cívico-Militar Jayme Canet, no bairro Xaxim, em Curitiba, na sexta-feira (30).

“É um assunto muito delicado, que merece ser tratado com a devida atenção pelo governo. Os dados demonstram o quanto o assédio e a pressão sobre os professores têm aumentado, principalmente por conta de metas abusivas, cobrança excessiva e a falta de autonomia em sala de aula”, disse Ana Júlia nesta segunda. 

Ela lembrou ainda o caso de um professor que, mesmo hospitalizado, foi obrigado a participar de um curso promovido pela Seed. “No dia 22 de maio, solicitamos, via ofício, esclarecimentos sobre a política de faltas e pedimos uma revisão das diretrizes. Até hoje, não recebemos qualquer resposta. Para a parlamentar, o silêncio da Seed evidencia uma “política de assédio moral institucionalizada”, afirmou a deputada, coordenadora da Frente Parlamentar de Saúde Mental da Alep.

Pedido de informações

Líder da oposição ao governador Ratinho Júnior (Alep), o deputado Arilson Chiorato (PT) protocolou na sexta-feira um pedido de informações para que a Secretaria de Estado da Educação (Seed) esclareça as circunstâncias da morte. 

“Os relatos dão conta que ela saiu da sala de aula para participar de uma reunião com agentes do Núcleo de Educação. Na reunião estavam sendo cobrados metas e resultados de plataformas. Infelizmente ela caiu e covnulsionou”, disse Chiorato. “Não vou falar que o governador é responsável pela morte. Diretamente não. Mas que o ambiente escolar do Paraná entrou em colapso, com certeza. Professores passam por crise de ansiedade, pedagogas estão emocionalmente destruídas”.

Os deputados Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Professor Lemos (PT) e Renato Freitas (PT) também cobraram esclarecimento das circunstâncias da morte. 

Líder da base governista na Alep, Hussein Bakri (PSD) se disse “estupefato” com as afirmações dos oposicionistas. Segundo ele, foi a própria professora que pediu para “participar da orientação” dada pela funcionária do Núcleo.

“Essa professora sempre apresentou um desempenho fantástico, reconhecido na escola. A professora não teve qualquer registro negativo”, disse Bakri. “Nesse dia, uma técnica pedagógica do Núcleo, cuja conduta é irrepreensível, esteve na escola apara realizar o acompanhamento e oferecer apoio a outra professora. Não era para ela. Durante a visita, a professora demonstrou interesse em participar da orientação para tirar duvidas pedagógicas. Foi nesse momento que, de maneira inesperada, lamentavelmente a servidora passou mal e veio a falecer”.

Carreira em risco

Começa nesta semana a tramitar o projeto de lei de autoria do governo que reajusta os salários dos professores. Segundo a APP-Sindicato, o projeto abre a possibilidade de extinção da progressão de carreira dos profissionais. Enviada à Alep na semana passada, a proposta revoga uma determinação de uma lei de 2004, que prevê uma diferença entre 1% e 5% para os salários dentro de um mesmo nível.

Para a presidente da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto, a revogação do dispositivo possibilita que os salários dentro de um mesmo nível serem iguais nos próximos anos, o que representaria o fim da progressão na carreira. 

Brasil de Fato

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