Novo padrão vai integrar TV e internet; usuários terão imagens em alta qualidade, som imersivo em 3D e interatividade
Os brasileiros estão prestes a experimentar um novo padrão televisivo com a implementação da TV 3.0. A tecnologia promete imagens em alta definição, som em 3D e recursos avançados de interatividade.
O lançamento da TV 3.0 ocorre nesta quarta-feira (27), com a assinatura de um decreto pelo presidente Lula em cerimônia que contará com a participação do ministro das Comunicações, Siqueira Filho. A implementação será gradual e deverá ser concluída até a Copa do Mundo de 2026.
O modelo conecta a internet aos canais abertos, adotando formato semelhante ao existente em países como Japão e Coreia do Sul. Entre as inovações nacionais, o governo destaca o DTV Play, recurso que organiza canais em aplicativos.
“Será possível navegar entre a programação da emissora e conteúdos via internet diretamente pelo menu da TV, usando aplicativos, de forma semelhante às plataformas de streaming”, explica o professor e doutor em comunicação Paulo Henrique Almeida.
Entre as principais novidades, estão:
- Imagem em resolução 4K com HDR;
- Som de qualidade cinematográfica (áudio imersivo);
- Personalização do conteúdo conforme preferências do usuário;
- Recursos de acessibilidade aprimorados (como Libras e audiodescrição);
- Integração com a internet para consumo sob demanda e serviços interativos;
- Capacidade de segmentar transmissões por região e perfil.
Interatividade
Conforme o Ministério das Comunicações, o tipo de interação dependerá do provedor de conteúdo. Será possível, por exemplo, participar de enquetes, escolher câmeras em um reality show ou comprar produtos exibidos na tela.
Durante partidas de futebol, o telespectador poderá rever um lance polêmico com um clique no controle remoto — funcionalidade típica das plataformas de streaming, agora disponível na TV aberta.
O acesso à TV 3.0 será gratuito, mas inicialmente exigirá conversor, até que as televisões vendidas no Brasil estejam totalmente preparadas para o novo padrão.
Conteúdos pela TV
Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada em julho mostra que 53,5% dos usuários de internet no Brasil acessam conteúdos pelo aparelho de televisão.
O levantamento, realizado em 2024, aponta o celular como principal meio de acesso (98,8% dos entrevistados), seguido pela TV (53,5%). Já o uso do microcomputador caiu de 63,2% em 2016 para 46,2% em 2019, atingindo 33,4% em 2024 — o menor índice da série histórica.
Para o diretor do Departamento de Inovação, Regulamentação e Fiscalização da Secretaria de Radiodifusão do Ministério das Comunicações, Tawfic Awwad Junior, os números refletem uma tendência global e reforçam o potencial da TV 3.0.
Implantação gradual
Especialistas alertam para a complexidade da implementação da TV 3.0. Professor e pesquisador de cibernética e inteligência artificial, Romes de Araújo aponta que implantar uma nova estrutura de redes em um país com o tamanho continental do Brasil vai exigir um trabalho coordenado e eficiente, bem como investimentos por parte do governo.
“Em alguns casos, esse novo formato exigirá dos usuários a troca de aparelhos ou a compra de adaptadores, como na transição do sinal analógico para o digital”, explica.
Cenas de cinema
As tendências apontam para o crescimento contínuo de serviços de streaming, integração com dispositivos inteligentes e ampliação da produção de conteúdo original.
“Espera-se maior realismo nos conteúdos, com reprodução de cores mais precisas, nitidez em cenas de ação e som tridimensional, criando um entretenimento mais próximo do cinema”, ressalta Paulo Henrique Almeida.
Romes de Araújo destaca o potencial de consumo nos próximos anos, sobretudo pela gratuidade. “Com a TV 3.0, esse padrão de consumo característico da internet, mas pago, vai se encontrar com a oferta gratuita e o amplo alcance da TV. Será algo de altíssimo impacto em nossa economia, especialmente porque a TV 3.0 permite a personalização de anúncios, seja por região ou perfil do próprio telespectador”, prevê.
MSN
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