São
inúmeras as assertivas tratando do fator tempo na política. Mais uma vez os que
imaginavam que as pedras estavam jogadas a partir da certeza que o partido de
Marina não seria registrado após os votos dos ministros no registro do
Solidariedade se enganaram. Até alguns daqueles que participaram da reunião
madrugada afora com Marina – políticos experimentados – erraram. Um exemplo foi
Marina não cumprimentar Sirkis no ato da assinatura com Campos, certamente
pelas entrevistas que ele deu para os jornais de sábado. E Miro Teixeira que se
filiou açodadamente ao PROS. Por: César Epitácio Maia
Errou
Aécio que, depois de pentear-se mutuamente com Eduardo Campos nos últimos
meses, no dia D estava em NY fazendo palestra para empresários, como se fosse
ele a única alternativa. Erraram os irmãos Gomes imaginando que não havia
caminho para Campos, pois estavam esvaziando o PSB.
Nos
dois longos discursos, de Marina e Campos, fora os lugares comuns e as
declarações de princípio tão comuns aos políticos nos grandes momentos,- ficou
claro que o candidato é Eduardo Campos, dito de forma clara por Marina. E ficou
ainda mais claro que tal decisão pretende isolar o PSDB quando Campos sublinhou
que ali estavam quebrando a falsa polarização (PT x PSDB).
Os
novos partidos estão sentindo o golpe. O PROS, que passa a ser um depósito de
políticos de apoio a Dilma. O Solidariedade que deixou de ser uma novidade ou
um voto de Minerva para um lado ou outro. E o PSD que terá que decidir entre
ser um acessório fantasia de Dilma ou aderir rapidamente a Aécio. Deixou de ser
a noiva disputada.
A
decisão de Marina –segundo ela no discurso- foi solitária, no velho estilo dos
caudilhos. Quando falava, e citou líder carismático, ela apontou ostensivamente
para ela mesma. Mostrou, na decisão, uma habilidade que não se conhecia e que
Campos realçou: uma rasteira nos politicões.
Muda
o quadro eleitoral? Depende. Campos está nas mãos de Marina. Se amanhã, por uma
razão qualquer (menor ou maior), ela se retira da candidatura Campos, essa
desinflará com mais força que inflou. Paradoxalmente, a candidatura Dilma se
fortalece, pois aumenta sua força de atratividade por falta de alternativas
para os partidos que formam a base aliada.
O
quadro eleitoral se afunila em três candidaturas. Melhor teria sido estimular
Serra ser candidato pelo PPS. Se ele pudesse prever isso, provavelmente estaria
no PPS. Agora a soma das intenções de votos de Aécio e Campos tem que subir
para 40% de forma a ficar claro que o segundo turno continua de pé. Isso
significa intensificar a pré-campanha.
Apesar
da boa vontade de Campos, a REDE não tem capilaridade, é apenas o símbolo
Marina com sua inegável atratividade. Mesmo que aceite ser vice –e ela vai
ganhar tempo para tomar essa decisão-, vice é vice e em eleições de
personalidades sequer conseguirá trazer seu potencial de votos. E as críticas
do PT sobre os novos aliados dela poderão ter força.
Agora
é avaliar como ficará o campo eleitoral nos Estados. O grid de largada nacional
está finalmente constituído e num sábado, como na Fórmula 1. Mas o campo
efetivo da disputa dependerá de como serão desenhadas as candidaturas
majoritárias em cada Estado e com que sinergia com as presidenciais.
Por: César
Epitácio Maia nasceu
em 18 de junho de 1945, é economista e professor universitário, foi exilado
político e é um dos políticos brasileiros mais atuantes no momento, tendo
ocupado diversos cargos públicos, dentre eles o de Prefeito da Cidade do Rio de
Janeiro.
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