A
obediência está dentre os pilares que, se destruídos ou danificados,
provocam a ruína do ser humano. E obedecer não significa ser
subserviente, mas coerência como norma de conduta. A cada ano aumenta o
desrespeito com as leis, com as regras, com as posturas que elevam o ser
humano.
Por: Maria Cristina C. de Andrade
Unúmeras e inúmeros se posicionam como se a felicidade ou o sucesso
estivessem em ser esperto. Astúcia no trânsito, no pagamento de
impostos, no enriquecimento ilícito, em benesses…
Observa-se que inúmeros alunos agem com desacato na escola porque, em
casa, não convivem com regras que os ensinem a se conter diante do
incorreto. E, na sociedade, quantos adolescentes, jovens e adultos que
têm, como motivação, infringir a lei, danificar o patrimônio público,
usar as pessoas com certo cinismo, que me parecem em estado de
inconsciência. Não se ignora que lhes faltam exemplos.
A criança que se submete às regras que formam seu caráter, cujos
porquês são explicados com clareza pelos pais, diz não à natureza
rebelde, que todos carregamos, e se torna, na maioria das vezes, um ser
humano equilibrado, com lucidez diante dos desvios. Sou muito convicta
dessa colocação de São Paulo aos Coríntios (1º Cor. 10, 23) a respeito
dos limites: “Tudo me é permitido, mas nem tudo é oportuno. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica”.
Abrir mão do que é permitido, quando é mais prazeroso do que aquilo que
convém, é um exercício nas pequeninas coisas, com o propósito de se
revigorar para as maiores.
Adultos que reagem negativamente à obediência benéfica se deixaram
levar pela soberba com seus tentáculos: julgamento condenatório,
mentira, inveja, arrogância, hipocrisia, presunção.
O inesquecível Dom Joaquim Justino Carreira, em seu livro “Trevas ou Luz” –
Os Pecados Capitais e os Dons do Espírito Santo”, coloca como três as manifestações fundamentais da soberba: o domínio, o vitimismo e a mágoa. Segundo ele, “o
domínio significa que só estamos bem quando as pessoas fazem o que
queremos, como queremos e quando queremos. O vitimismo significa que,
quando não fazem o que queremos, nos comportamos como vítimas dos outros
e das situações: achamo-nos incompreendidos, desvalorizados. A mágoa,
como dizem os Padres do Deserto: ‘toda a mágoa é fruto do orgulho
ferido’. (…) Você pensa que é o centro do mundo e faz um julgamento.
Condena. Mata as pessoas no coração! (…) A soberba exasperada conduz a
tal exaltação do próprio ‘eu’ a ponto de perder a reta percepção de si
mesmo. (…) O remédio da soberba é a humildade”.
Chama-me demais a atenção a passagem do Evangelho de São Lucas (22,
39-46), que relata a suprema angústia de Jesus, um pouco antes de sua
prisão, em que Ele diz: “Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas a tua”.
Benfazejo é para a pessoa, em todas as fases da vida, em todas as
vocações,
o colocar na cruz os dissabores da obediência que fortalece. É
dessa obediência, sem acalentar os filhos da soberba, que nasce a
claridade da madrugada da Páscoa.
Blogue luso-brasileiro: “PAZ”
Por: Maria Cristina Castilho de Andrade é educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala, Jundiaí, Brasil.
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