O mundo mudou mudaram-se os costumes

O mundo moderno aprisiona cada vez mais as pessoas em si mesmas. Antes, as famílias eram grandes, e as casas sempre cheias; avôs e avós quando ficavam viúvos passavam a viver na casa dos filhos, ajudavam na criação dos netos. Hoje, o cenário familiar é diferente: grosso modo, as famílias tornaram-se pequenas, o número de filhos diminuiu consideravelmente; avôs e avós viúvos não convivem mais sob mesmo teto com filhos e netos; filhos deixam a casa paterna antes do casamento para viver sua própria vida, sua própria independência; o próprio casamento parece ter se tornado uma instituição ultrapassada, ou algo que tende a desaparecer, pelo menos no que diz respeito a uma união que dure até a maioridade dos filhos. O mundo mudou, mudaram-se os costumes.                      Por: Sandra Castiel

Tudo é muito moderno, muito civilizado; em tese, a busca é a liberdade social do ser humano: ir, vir, fazer, desfazer, tudo livremente. Porém, o que parece é que, quanto maior essa independência e esse mundo espaçoso, mais solitários e aprisionados ficamos em nós mesmos, ou seja, junto com toda essa modernidade surgem angústias e inquietações que acabam gerando um sentimento terrível, sentimento este que cresce na mesma proporção dos anos: o Medo. Mas medo de quê? Medo do Mundo. Medo da Vida. Medo da Solidão. Medo do Abandono. Medo da Pobreza. Medo da Velhice. Medo das Doenças. Medo que os filhos adoeçam gravemente. Medo que os netos adoeçam gravemente. Medo que parceiros e irmãos adoeçam gravemente. Medo da Morte. Medo da forma cruel com que a natureza nos trata, lembrando-nos a cada momento de nossa insignificância no universo, não importa a idade que tenhamos.

Pus-me a pensar neste tema, ao ler outro dia, em algum lugar, que os medos têm origem na infância, e que uma maneira de minimizar esses medos é imaginar a criança que fomos, conversar com ela, abraçá-la, afirmando que tudo ficará bem, afirmando que iremos protegê-la sempre. Isto nada mais é que a tal autoajuda, instrumento poderoso para sobrevivência emocional no mundo moderno. Quando fazemos uma afirmação com persistência é como se estivéssemos preparando nosso inconsciente para mudanças.


Examinando mais cuidadosamente o assunto, deparei-me com um exercício interessante para combater o medo e a insegurança; a chave é fazer uma lista com nossos medos e para cada item da lista pensar numa afirmação correspondente, pois o poder está na afirmação. Então, de acordo com Louise Hay, aí vão alguns exemplos:

SAÚDE:
Exemplo de Medo: Tenho medo de adoecer e não ser capaz de cuidar de mim mesmo.
Exemplo de Afirmação: Sempre atraio todo tipo de ajuda que preciso.

RELACIONAMENTOS:
Exemplo de Medo: Não acredito que um dia encontrarei quem me ame.
Exemplo de Afirmação: O amor e a aceitação fazem parte de minha vida, eu me amo.

DINHEIRO:
Exemplo de Medo: Tenho medo de ficar muito pobre.
Exemplo de Afirmação: Tenho certeza de que todas as minhas necessidades serão atendidas.

ENVELHECIMENTO:
Exemplo de Medo: Tenho medo de envelhecer.
Exemplo de Afirmação: Todas as idades têm suas infinitas possibilidades.

MORTE:
Exemplo de Medo: E se não houver vida após a morte?
Exemplo de Afirmação: Confio no processo da vida, estou numa perene jornada pela eternidade.
Confesso que volta e meia lanço mão de recursos de autoajuda, sobretudo quando sou atormentada pela consciência de minha pequenez, a pequenez humana. Nessas horas, no meio da noite, convido a aconchegar-se bem pertinho a garotinha assustada que eu fui um dia e deito a dizer-lhe palavras de conforto e ânimo… É verdade. É preciso crescer para enfrentar a vida.

Texto publicado no jornal eletrônico Gente de Opinião
 
Por: Sandra Maria Castiel Fernandes é natural de Porto Velho. Possui formação em Letras. É professora de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Literatura Infantil. Pós-graduada em Língua Portuguesa e Metodologia do Ensino Superior. Mestre em Educação. Pesquisadora na área da Educação Especial e em temas que envolvem a história de Rondônia./debatesculturais.com.br

Postar um comentário

0 Comentários