Pensei que a vinda dos médicos cubanos fizesse vir à tona a questão
dos medicamentos essenciais. A medicina cubana trabalha com uma relação
de uns 600 fármacos essenciais. Com esse leque de remédios cuida de
todas as doenças. Para a medicina capitalista brasileira medicamento é
mercadoria, e mercadoria tem por objetivo o lucro e não a cura de
doenças. Um laboratório que tiver que optar entre uma droga que cure uma
doença e outra que administre-a para o resto da vida, comercializará
esta última e o pesquisador que descobriu a primeira aparecerá morto.
Convocar os médicos cubanos foi uma decisão muito inteligente mas
chego a duvidar que nosso governo tenha levado esse problema em
consideração. Talvez tenha havido alguma blindagem em torno dos cubanos
para que eles não entrassem em contato com nossa medicina e fizessem a
denúncia.
O modelo de medicina brasileira não pode ser interiorizado. Um médico
brasileiro depende da tal “medicina diagnóstica”. Teriam que levar para
os grotões, médicos e laboratórios computadorizados. O médico cubano
deve diagnosticar olhando a língua do paciente, apalpando-lhe o ventre e
pedindo para ele dizer 33 enquanto ausculta-lhe os pulmões. E prescreve
um dos 600 remédios com os quais o SUS trabalha.
É uma pena que esse problema não tenha entrado em cena. Ajudaria a
sociedade a meditar sobre o modelo de medicina que temos que reduziu a
assistência médica à dispensação de drogas comercializadas aos milhares,
tanto que uma farmácia até parece uma boutique self service com
prateleiras repletas de drogas dotadas de efeitos adversos que os
clientes pegam com suas próprias mãos num criminoso consumismo de
medicamentos diante do qual a Anvisa é completamente omissa. A Anvisa
está mais preocupada em sufocar a homeopatia e medicinas alternativas
que não fazem mal a ninguém, ao contrário curam sem contrapartidas
adversas.
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