O levantamento, considerado um
dos mais respeitados do mundo por fontes do setor de biotecnologia, pela
primeira vez incluiu o Brasil, que teve sua área de transgênico calculada em
mais de 3 milhões de hectares em 2009.
Assim, a lógica da produção
transgênica na verdade é a de que, os pobres ficariam com a alimentação
geneticamente modificada (mais em conta) e os ricos com os alimentos orgânicos
(por que podem pagar), livres de química e da manipulação genética. Esta é uma
das principais conclusões da oficina “Transgênica no mundo”, realizada
recentemente em Porto Alegre-RS, no Portal da CUT e parceiros.
O debate que foi organizado pela
Contac (Confederação Nacional dos trabalhadores e indústrias alimentícia) e
Cia. Ainda contou com a participação de lideranças e militantes do movimento
ambientalista e social e até de um representante do frigorífico Perdigão.
Luzia Fati, diretora nacional da
CUT, representou a central e manifestou preocupação quanto ao fato de que os
transgênicos sofram restrições nos países desenvolvidos, destaque para os
Europeus, enquanto nos países pobres seu cultivo é incentivado. Luzia alertou
para as generosas contribuições do setor empresarial para linhas de pesquisa
nesta área, extremamente dispendiosas, ao passo que o estado se omite no
financiamento de estudos em relação á agricultura sustentável, com tratamento
integralmente orgânico dos alimentos. Tal disparidade coloca nas mãos de poucos
e grandes empresas mundiais o monopólio do conhecimento na área, disse a
dirigente da CUT. Por isso defendeu a necessidade urgente de popularizar o
debate sobre o tema.
Transgênicos, é mentira como solução para a fome no mundo
Gerardo Iglesias lembrou que a
Argentina é o segundo produtor mundial de transgênico e, apesar disso, um em
cada três Argentino passa fome. Isso mostra que a justificativa de que os
transgênicos resolveriam o problema da fome é completamente falsa.
Júlio Rulli, do grupo refeição
rural da Argentina, foi o próximo a intervir, alertando para os efeitos nocivos
do cultivo da soja em solo Argentino, sejam transgênico ou não. Segundo Rulli,
a soja é um verdadeiro sistema mundial voltado para o controle populacional, já
que seu consumo está voltado principalmente para os mais pobres. Ainda segundo
ele, a soja tem excesso de estrógeno, causando problemas hormonais sérios. A
população indígena é uma das principais vítimas dessa característica do
alimento. Entre os índios, há inúmeros registros de índios com mamas grandes
freqüência de hipotireoidismo, alta incidência de cáries e manifestação de
osteoporose em crianças.
Em sua intervenção Siderley de
Oliveira, preferiu enfatizar o aspecto econômico, alertando para o fato de que
a utilização dos organismos geneticamente modificados exige grandes
propriedades e pouco uso de força de trabalho, portanto estimula a concentração
de terras, o êxodo rural e o desemprego no campo. Denunciou o contrabando de
soja transgênica admitido pelo próprio presidente da Farsal, na grande
imprensa. Também defendeu a rotulagem pública. Segundo ele, “rotulagem através
de entidades privadas dá espaço para irregularidades e corrupção”.
Alimento natural para os ricos, Ração transgênica para os pobres
Sebastião ribeiro, da fundação
Juquira Candirú, iniciou sua participação lembrando “que a Europa rica e
desenvolvida não quer os transgênicos, mas que para a África, pobre e
dependente, foram oferecdos milhões de toneladas de milho transgênico, pronta e
dignamente recusadas pelos africanos”. Pinheiro afirmou que um fato como este
denuncia os planos de estabelecer dois tipos de alimento para o mundo. Um
natural, orgânico e caro, seria destinado para os países ricos. Outro,
transgênico, perigoso e pouco nutriente, vendido como uma espécie de ração para
os países pobres. Haveria uma dupla cidadania também em relação a dieta
alimentar.
Esse tratamento discriminatório
já se manifesta, segundo Pinheiro, no fato de que hoje apenas 9 tipos de
cereais alimentam toda a população mundial. Sendo que, desse total, 60% são
constituídos de arroz. Uma realidade imposta pelo agronegócio, que, em nome de
altas taxas de lucros, procura uniformizar a dieta, causando, por conseqüência,
a diminuição de seu poder nutritivo.
Sebastião Pinheiro garante: os transgênicos são a maior mentira do
século
Um aspecto interessante da
intervenção de pinheiro foi a denúncia da natureza falaciosa dos transgênicos
como avanço tecnológico, “trata-se de uma fraude”, disse ele. “os transgênicos
são a maior mentira do século. Um blefe”. O que foi feito foi a mudança de
matriz biológica (a genética). E esta última exige investimentos da ordem de
centenas de milhões de dólares. Somente ao alcance de poucas e poderosas
corporações internacionais. São uma imposição para concentrar o lucro e
monopolizar ainda mais o mercado. A sabedoria das tradições populares do mundo
inteiro conhece mais sobre a natureza e
de como modificá-la respeitando suas leis do que laboratórios e gabinete
acadêmicos. Esses últimos tornaram-se em sua grande maioria, extensões dos departamentos
comerciais das empresas Monsanto e Cargil.
O produto de suas pesquisas é nocivo ao ser humano e ao ambiente,
concentrador de riqueza e de pouco valor nutritivo.
Finalizando, Sebastião Pinheiro
defendeu uma grande convocação ao movimento social em geral pela
conscientização da população, principalmente agricultores e trabalhadores do campo, a denúncia e
desmascaramento dos acadêmicos a serviço do poder econômico e a pressão junto
aos governos para banir os transgênicos da produção alimentar do planeta.
Base de dados: WWW.cut-rs.org.br/ valor econômico
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