No Brasil, 20% dos diagnósticos de câncer de próstata são feitos em fase avançada. Mas a medicina conseguiu ampliar em 30%, em cinco anos, a taxa de sobrevida dos pacientes Por: Adriana Dias Lopes
De todos os
cânceres em fase de metástase, o de próstata é o mais controlável. Os novos
medicamentos são desenvolvidos a partir de uma tecnologia extremamente
sofisticada. A abiraterona, por exemplo, ataca o tumor em duas frentes. Corta a
produção na glândula suprarrenal do hormônio testosterona, o combustível para
os tumores prostáticos, e diminui a síntese do hormônio dentro das células
cancerígenas. Além da abiraterona, há três medicações de ultimíssima geração (veja
o quadro abaixo). Algumas delas são de um requinte tecnológico
impressionante, como a vacina terapêutica Sipuleucel-T. Feita sob medida para o
paciente, ela estimula o sistema imunológico a combater as células tumorais. Um
mês de tratamento custa 90 000 reais. Ainda não há previsão de chegada da vacina
ao Brasil.
O câncer de
próstata está entre os tumores mais indolentes. Ele leva quinze anos para
atingir 1 centímetro
cúbico. Com esse tamanho, pequeno, o tumor está confinado à glândula, e pode
ser tratado com tranquilidade. Quando ele escapa e atinge outro órgão, a coisa
muda de figura. “A lentidão, benéfica no início da doença, torna-se um grande
problema na fase de metástase”, explica o oncologista Andrey Soares, do
Hospital Albert Einstein e do Centro Paulista de Oncologia, ambos em São Paulo. Tumores
de crescimento lento são resistentes à quimioterapia, a primeira opção de
tratamento nos casos de metástase. Isso porque os quimioterápicos têm como
característica atingir o DNA da célula tumoral sobretudo durante a divisão das
células. “Quando a divisão é lenta, o efeito da químio é menor, portanto. E é
nesse cenário que os novos medicamentos representam uma grande notícia”, diz
Gustavo Guimarães, urologista do hospital A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Todos os anos 60 000 homens recebem o
diagnóstico de câncer de próstata no Brasil — é a segunda neoplasia mais comum
entre o sexo masculino, depois dos tumores de pele. Quando a doença é
diagnosticada e tratada precocemente, a cura chega a 97%. O problema é que dois
em cada dez casos da doença no país são descobertos em fase de metástase. Nos
Estados Unidos, esse índice cai à metade. Diz Marcello Ferretti Fanelli,
diretor da Oncologia Clínica do A.C. Camargo: “Conseguiremos reverter essa
situação com investimentos na prevenção”. Lembre-se aqui do bê-á-bá: homens que
pertencem a grupos de risco, como os pacientes negros ou com casos de câncer de
próstata na família, devem fazer exames de rotina anuais a partir dos 45 anos.
Os que não correm risco, a partir dos 50 anos. Os exames consistem no teste
sanguíneo do PSA e no toque retal. Ainda há muito a ser feito — apenas metade
dos brasileiros com mais de 45 anos vai ao urologista regularmente.
Fonte: Vejaonline
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