A Rede Globo tem um histórico de excluir de suas
pautas com o fito de lançar na obscuridade, acontecimentos políticos
importantes - é a não "investigação", pela "Vênus
platinada", dos crimes.
Por: Dr: Vantier Clínio
1 - Um
bom filme sobre a Revolução Espanhola é Terra e Liberdade, do cineasta
britânico Ken Loach e uma observação importante a ser feita sobre esta obra
cinematográfica é que os personagens que o roteiro coloca no centro do drama
são guerrilheiros do P.O.U.M., um partido operário revolucionário que havia
nascido sob inspiração trotskista, mas que no momento da Revolução já gravitava
muito mais no campo do(s) anarquismo(s).
2 –
Sugerimos também, para um maior conhecimento acerca do M.A.P., dois vídeos
entre tantos outros bons títulos disponíveis: The Day The Country Died (2006),
de Roy Wallace (sobre a cena anarco-punk inglesa dos anos oitenta) e Relatos de
Uma Cena Anarco-Punk (2008), de Danilo Tázio e César Medeiros (sobre a cena
anarco-punk dos anos noventa, aqui na cidade de Natal/RN), além do site
anarcopunk.org/.
3 –
Adotamos o termo Status Quo por entendermos que o tipo de crise virtualmente
desencadeada pelo possível ganho de força, ante a opinião pública, de ideias e
práticas libertárias, atingiria a todos aqueles que ocupam ou que pleiteiam
ocupar seja pela direita, pelo centro ou pela esquerda, independentemente de
qualquer recorte de classe - o aparelho de Estado, bem como atingiria também o
capital, visto deslegitimar estes poderes, se configurando ante eles, assim,
como um problema que exige um pacto suprapartidário, a fim de esconjurar uma
ameaça que se abate sobre todos.
4 – Termo
significativo, pois, será exatamente ele que as grandes empresas de comunicação
repercutirão, posteriormente durante as indescritíveis mobilizações de massas
que eclodiriam no dia vinte, a título de definição destes eventos: "O
Gigante Acordou".
5 – Aqui,
não adotamos o termo imediatamente anterior, de dupla leitura -
"(re)ação" -, para indicarmos uma aparente modificação do modo como
os protestos serão tratados, logo adiante, pelos discursos
midiáticos/"oficiais": se caracterizará, claramente, uma ação
uníssona de contrastar manifestantes pacíficos com manifestantes
"violentos", sendo estes estigmatizados como meros "vândalos",
ou seja, meros agressores sem nenhum conteúdo político, numa flagrante
contradição com a qualificação política destes que governantes do PT e do PSDB
haviam feito deles na semana anterior! Como explicar esta contradição? Talvez,
pela via de uma necessidade tática posteriormente vislumbrada de descredenciar
publicamente o status de ação politicamente consciente das investidas contra a
propriedade capitalista e estatal. Para isto, se passará então a associar,
indistintamente, as imagens dos mais variados tipos sociais e políticos que virão
a perpetrar atos de investidas contra propriedades, lançando-os todos na mesma
vala comum da violência gratuita: o assim chamado "vandalismo".
6 –
Colocamos este acento de dúvida aqui porque, como se sabe, a Rede Globo tem um
histórico de excluir de suas pautas com o fito de lançar na obscuridade,
acontecimentos políticos importantes em que, mesmo havendo o envolvimento de
parcelas significativas da sociedade, a sua repercussão poderia significar uma
ameaça a interesses dominantes. Um exemplo atual disto entre tantos outros
atuais e "históricos" que poderíamos apontar é a não
"investigação", pela "Vênus platinada", dos crimes que
estão sendo praticados, (e que vêm sendo sistematicamente denunciados por
movimentos sociais) contra comunidades tradicionais das localidades atingidas
pelo projeto da construção por um consórcio de grandes empreiteiras da
hidrelétrica de Belo Monte.
7 – Aqui,
é preciso que se diga que nem todos os libertários são ateus: um dos grandes
exemplos disto, é o escritor russo Leon Tolstói, cuja visão política se
aproximava do(s) libertarismo(s), mas que, como se sabe, era um tipo peculiar
de cristão que criticava radicalmente a(s) Igreja(s) institucionalizadas(s).
8 – O
campo libertário desenvolveu toda uma reflexão crítica sobre educação, bem como
uma série de propostas pedagógicas e de experiências educativas práticas que
visam fundamentalmente estimular a autodeterminação dos educandos as chamadas
pedagogias e escolas libertárias, dentre as quais podemos citar, na Espanha do
início do Século XX, a Escola Moderna, de Francisco Ferrer e, no Brasil do
mesmo período, experiências de centros de cultura de trabalhadores. Ainda, mais
recentemente, podemos citar as experiências da Escola Paidéia, na Espanha, bem
como a experiência da Escola da Ponte, em Portugal (mesmo esta escola não
estando declaradamente vinculada a grupos libertários, seus princípios e
práticas pedagógicas se configuram como perfeitamente cabíveis nas perspectivas
pedagógicas libertárias).
9 – E a
crítica em bases morais aqui é adequada, pois, se tratam de perspectivas
fundamentalmente éticas em que a liberdade e a solidariedade são valores
centrais estas que estão em pauta.
10 –
Note-se que, aqui, não adotamos as classificações econômicas indispensáveis ao
marxismo, por exemplo burguesia e proletariado, mas uma classificação
sociológica que remete às relações de dominação os "de
cima"/dominantes e os "de baixo"/dominados, perspectiva esta que
aponta para uma natureza mais ampla do fenômeno das relações de poder como
sendo algo que não se concentra fundamentalmente na estrutura produtiva e que é
mais própria às visões em pauta. (...)
Via:
democratizandoacomunicacao.blogspot.com
0 Comentários