Por: Iram de Oliveira
João Pequeno apesar da pouca
idade era diferenciado acordava ao sol sair na barra, tocava o gado como
ninguém separava as vacas das bezerras com uma maestria impressionante por
sinal os bichos entendia, obedecia tanto o seu comando que os vaqueiros ficavam
de "boca aberta" com a situação de amizade,
obediência do animal sob aquele rapaz.
Coragem
Para não estender muito sobre assunto
e que não fique enfadonho vamos ao que interessa. As vacas e bois para o
fazendeiro além da terra, todos sabem que um bem bastante precioso. Branquinha
era uma das vacas mais mimosa que se possa imaginar o animal certa vez teria se
desgarrado do rebanho a dias e sumido sem deixar vestígio, determinado momento
da corrente semana viu-se os Urubus rodeando o cabeço (pico, cume, cerro etc.)
ao longe, um lugar não muito visitado pelos nativos do lugar devido a
dificuldade de acesso, ser por veredas, juremas (planta nativa) contém espinhos
complicado chegar até lá, onças era vista pelos caçadores, só andava pelas
aquelas bandas quem tivesse negócio, enfim.
Jonas de Viana nome fictício,
fazendeiro velho e patrão dos bons, conhecido na região quem trabalhava com ele
ficava para sempre outro melhor nas redondezas estava para aparecer, imagine então!
Assim, “não vejo alternativa, João
Pequeno resolveria esse problema para mim não podemos perder o couro da vaca
mimosa” disse seu Jonas depois de ter
recebido um não dos vaqueiros mais antigos da fazenda.
Sem perder mais tempo com
conversa fiada João Pequeno saiu ao anoitecer levando consigo uma piraca
(lamparina maior) espingarda de soca, faca, o fumo e outros utensílios de
precisão no bornal. A meia lua caminhava pela vereda, sozinho e meu grande pai Deus,
que ninguém me incomodará em nome de Jesus. Somente escutava o chiado do
chinelo de sola lapo, lapo, lapo lapo e absteve a andar. Romper ferro, era o
seu cachorro e amigo em todos os momentos tinha ganhado o bicho ainda “bebê” de
um amigo da família ao sair de casa da mãe, treinou a seu modo e jeito o cão
era bravo bom caçador já acuou até onça. Estou tranquilo não temo nada fora isso
só os castigos de Deus, que há de me guiar nessa empreitada.
Pois bem, rompe ferro o cão, bom caçador
não ficava nas pernas do dono não, já adentrara mata adentro cumprindo seu
papel latiu au, au, au, au, au. Ao longe o latido soava baixinho e confuso, o
vento soprava frio na mata aberta Pequeno; parou, escutou, é para lá, pensou,
no pé do cabeço, gosto desse cachorro ele não mente pelo ladrido sei que é
coisa morta, não tá agoniado não, aguardando, ensinei bem só sai de lá quando
eu chegar, bom menino, adoro ele. Muito chão ainda para “torar”. João Pequeno sabia
que aquela noite tinha apenas começado para
ele, mas não se abatia com pouca coisa, apesar de ser a primeira vez que
tentara fazer o que vinha pela frente queria descobri como faria, não só vou
tentar, como vou trazer o couro daquela vaca e em bom estado se não mudo de nome para
sempre. Depois de caminhar na escuridão a noite mais de meia légua mata adentro, chegou ao
local desejado, ao chão Branquinha, a poucos da metros da mesma tinha o tampo,
carcaça de uma outra vaca já com sinais de mexida pelos Urubus que rodeavam
durante o dia, o mais estava estirada morta não dar para saber ao certo o real motivo do acontecido, deve ter sido
mordida de cobra já que naquele
carrasco, pedregulhos, de terrenos
acidentados muitas locas de pedras jazia
perfeita morada e formação de ninhos de serpentes por toda parte.
Para finalizar, fizemos o serviço
que deveria ser feito, acendemos o lamparino, eu, meu parceiro e Deus. Tiramos o
couro da vaca deu um trabalhão danado mais nada que me surpreendesse, afinal de
contas já estavamos acostumando com as dificuldades da vida, mais com os
poderes do divino saímos fora sem
estragar a mercadoria; percebemos que dava para o patrão ganhar dinheiro na
venda da preciosidade. O patrão não iria me pagar nada em dinheiro mais vai
ficar satisfeito comigo depois dessa ninguém me segura, estou bem, satisfeito
com o feito realizado, vamo embora Rompe ferro, missão cumprida por hoje.
Na volta segundo seu relato João
Pequeno matou com sua espingarda de soca 16 avuêtes e capturou 2 peba, 1 tatú
bola. Pela manhã antes do sair do Sol o
garoto de 12 anos de idade pôs fim sua primeira aventura como peão de fazenda. Quem
souber de mais que conte outra.
Afirmo que essa história é verídica pois conversei com o próprio. Hoje reside em Mossoró com 76 anos e goza de boa saúde. é claro que haverá mais contos em breve. É o meu pai, acompanhe.
Por: Iram de Oliveira, Geógrafo
Leia a parte 1 clicando aqui
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