Por: François Silvestre
O Rio Grande do Norte é um antiquário
político. E como a antiguidade merece respeito, respeitemo-la.
Não falemos de idades, que é
deselegante. E a elegância é uma hipocrisia agradável. Certa vez, Zé Limeira
perguntou a dona Antonieta, mulher do Governador Agamenon:
“Quantos anos tem a
senhora”? Dona Antonieta repreendeu: “Poeta, não é elegante perguntar a
idade de uma dama”. Zé Limeira respondeu: “Pois eu jurava que a senhora era
mais nova”.
Não é disso que trato. Mas da
incapacidade nossa, papagerimum, de renovação política. De 1960 até hoje,
nenhuma renovação. E se alguma houve, não foi mérito dos “novos”, mas imposição
da Ditadura, ao matar a democracia adolescente.
O ano que nasce enrugado é tempo de
eleições. São as mesmas e velhas lideranças que tecem as rugas de cada época. E
o povo, essa abstração invisível, a oferecer muletas e guias espertos aos olhos
embaçados do mesmo comando geriátrico. No meio do fingimento do orgasmo
coletivo.
Donde se conclui que o velho mais
idiota é o próprio povo, na forma de eleitores. O gaiato Arlequim da
Democracia. Que se desculpa ao espernear contra a desgraça pública e depois sai
pinotando nas passeatas, feito frevolentes, ao som de ruídos loucos e discursos
ocos. Quem são os candidatos?
Robinson Faria diz que é. Quer ser.
Topa ser. Mas daí a viabilizar-se há uma baita distância. Por não ter sido
candidato, nas eleições passadas, rompeu com o governo e elegeu-se Vice na
oposição. Desprestigiado, rompeu novamente e lançou-se candidato. Mendiga
aliados.
Fernando Bezerra não se lançou. Nem
pediu. Foi convidado e aguarda o tocar das ondas.
Garibaldi Filho jura de pés juntos que não é. Tem motivos.
Não lhe acrescenta nada à biografia, a não ser o desassossego de um Estado
falido.
Henrique Alves sempre quis. Mas sabe
que não pode querer. Mesmo querendo. Tem uma excelente posição nacional, como
poucos daqui tiveram. E um histórico de eleições majoritárias nada animador.
Rosalba Ciarlini é afônica, gritando
aos ouvidos dos navegantes de Odisseu, defronte do Promontório da Lucárnia.
José Agripino Maia tenta salvar o
mandato do filho, numa composição com tradicionais adversários. Nem põe o nome
nas alternativas. Originário da exceção, virou regra do museu.
O PT quer vaga no Senado, com
qualquer companhia. A pureza também envelheceu, na cavilosa e aconchegante rede
do poder.
Wilma de Faria é o Lázaro de todos
esses “cristos” aí citados. Ressuscitaram-na. Uns, por descuido. Outros, por
incompetência. Nenhum deles gosta dela. Detestam-na. Ela sabe, eles disfarçam.
Ela não quer o governo. Maestrina do pantim, quer o Senado. Paraíso-recompensa
do pós purgatório. Verão os que viverem.
É o que vejo. E olhe que meus olhos
são cuidados pelo Dr. Alexandre Bezerra. Té mais.
François Silvestre é escritor
* Texto originalmente publicado no Novo Jornal/Via:
Carlos Santos
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