Bombas, rajadas de metralhadora e granadas anti-tanque soam há mais de uma hora na noite de Gaza, enquanto médicos do hospital Shifa, o maior do território palestino, fazem apelos dramáticos por intervenção internacional.
Forças de Israel cercaram o hospital com o objetivo de desmontar operações do Hamas que estariam acontecendo na área.
Tel Aviv já apresentou uma animação segundo a qual o comando do grupo está localizado em áreas subterrâneas sob o hospital, o que o Ministério da Saúde de Gaza nega.
Tanques Merkava e franco atiradores de Israel se movem pelo centro da cidade de Gaza e estão enfrentando resistência feroz do Hamas.
Os combates causaram danos à maternidade e à Unidade de Terapia Intensiva. Uma pessoa morreu e vinte ficaram feridas em ataques diretos contra o pátio do hospital.
Israel nega que tenha atacado diretamente o hospital, alegando que a destruição interna foi causada por um foguete da resistência palestina que falhou.
A rede árabe Jazeera obteve acesso por telefone a médicos que continuam no hospital, assim como às imagens de uma câmera que registra o som da batalha à distância.
Médicos disseminaram mensagens de SOS. O dr. Nidal Abuhadrous, chefe da neurocirurgia, escreveu:
Caros colegas, a situação em Shifa agora é extremamente perigosa. Nós, como equipe médica, queremos ir embora, mas não podemos! Podemos não sobreviver até de manhã. Não queremos ser mortos aqui, só porque continuamos comprometidos com nossos pacientes e com nossa profissão médica. Estou pedindo ajuda com urgência! Por favor, façam o que puderem através do seu governo ou do CICV para providenciar um corredor seguro para a equipe médica. Por favor, tratem isso como extremamente urgente. Agradeço antecipadamente
Imagens da região mostram bombardeio com fósforo branco, material incendiário em geral utilizado para obrigar que soldados saiam de esconderijos. Uma vez em contato com a pele, o fósforo queima até o osso.
O dr. Khaled Abo Samra, do Shifa, escreveu:
Estamos passando pelos momentos mais difíceis de todos os tempos nessa barbárie do sionismo dentro do Hospital Shifa. Os israelenses atacaram as maternidades e os prédios ambulatoriais. Eles abriram fogo contra o prédio e alguns estilhaços atingiram o complexo. Nós, os médicos que ainda estamos aqui, continuamos tentando organizar as coisas e trabalhar como enfermeiros e faxineiros também. “Somos um pedaço desta terra e prometemos que nunca partiremos até morrer.”
Sem energia por causa da falta de combustível para tocar os geradores, médicos dos hospitais Indonésio e Quds estão fazendo cirurgias de emergência com lanternas e a luz de celulares.
O cerco a vários hospitais de Gaza está impedindo a saída de ambulâncias que deveriam levar pacientes em estado grave para o Egito. Isso também prejudica os cidadãos brasileiros de dupla nacionalidade que estão na fila para sair do território, uma vez que a passagem de Rafah permanece fechada.
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