Caro colega, às vésperas do início de mais um ano letivo, gostaria de falar sobre um tema que é desafiador: a inclusão de alunos autistas em nossas salas de aula comuns. Sei que a ideia de inclusão pode parecer um tanto difícil em meio a todas as demandas já existentes em nossa rotina. É natural sentir apreensão sobre como lidar com essa dinâmica. Sei também dos obstáculos reais que enfrentamos: a falta de apoio e de recursos, as turmas numerosas, a compreensão das necessidades individuais de cada aluno, a criação de estratégias que atendam a todos da sala e a cobrança por resultados.
Ao longo dos meus 23 anos de Magistério pude conhecer os desafios de uma sala de aula, na rede pública e na rede particular, em bairro nobre e periferia. Conheço os percalços da nossa profissão. Diante disso, a inclusão de alunos com autismo pode parecer uma tarefa desafiadora. Porém, quero enfatizar que a inclusão não é impossível e nem um favor que estaremos prestando a esses alunos e a suas famílias. A educação é direito de todos e obrigação dos sistemas de educação no qual estamos inseridos. Então, vamos nos aproximar das famílias e trabalhar em parceria com a equipe pedagógica e gestora da sua escola.
É fundamental lembrar que essa diversidade é a essência da sociedade em que vivemos. Assim como cada um de nós, esses alunos trazem consigo um vasto espectro de habilidades, paixões e perspectivas. Mais do que olhar para o diagnóstico, é fundamental enxergar o indivíduo e presumir sua competência e não suas dificuldades.
Juntos, podemos transformar nossas salas de aula em espaços onde a diversidade não é um obstáculo. E isso é sobre flexibilidade, empatia e um compromisso coletivo de criar um ambiente onde todos os alunos se sintam capazes. Nossa sala de aula pode ser um espaço de aprendizado não só para os alunos, mas também para nós, educadores, ao nos desafiarmos a explorar novas formas de ensinar e aprender.
Assim, convido todos a assumirmos juntos o compromisso de trabalhar para a inclusão, de modo a celebrar a diversidade e construir um espaço onde cada aluno possa florescer.
Fernanda Cavalieri é pedagoga
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