Comprometida com o cuidado do outro, uma médica cearense saiu de Fortaleza para auxiliar no resgate de vítimas das enchentes que acomete o Rio Grande do Sul . Em entrevista ao Diário do Nordeste, nesta quinta-feira (23), Andreza Sérvula, de 36 anos, relatou o impacto que a experiência a trouxe.
"Muito triste ver tantas pessoas desabrigadas, ilhadas, sofrendo das mais variadas formas. Deixando seu lar e todos os seus pertences muitas vezes conquistados com tanto esforço. Mas, ao mesmo tempo, foi de aquecer o coração ver tantas pessoas bondosas, unidas num propósito único de ajudar aquele povo tão necessitado. Povo esse que se mostrou tão grato e acolhedor", revelou. Ao todo, a profissional passou 10 dias no Rio Grande do Sul, tendo retornado à Fortaleza em 16 de maio.
Andreza, que também atua no serviço de aeromédico da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), revelou que o convite partiu de um grupo de profissionais da categoria. Além dela, outros dois colegas médicos de Fortaleza e dois enfermeiros também partiram rumo a cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. A médica tomou a decisão de ir para Canoas em pouco mais de 24 horas.
"Precisavam de algumas duplas de médico e enfermeiro aeromédicos de todo o Brasil. Foi perguntado no nosso grupo quem teria interesse, sabendo que a viagem já seria no dia seguinte. Isso foi dia 4 de maio. Então, na madrugada do dia 5 para o dia 6 de maio, pegamos um voo comercial para Brasília. E de lá pegamos um avião da Força Aérea Brasileira que nos levou até a base da força aérea de Canoas", descreveu.
Se dividindo em várias atividades, a médica conta que além de Canoas, a equipe também auxiliou em outras cidades atingidas. "A equipe se dividiu em várias tarefas. Resgate e transporte aeromédico, atendimento em Hospitais de Campanha, atendimentos em abrigos e alguns colegas foram dar apoio em outras cidades com maior necessidade. Eu, particularmente, fiz atendimento em um hospital de campanha, fiz remoção aeromédico, mas fiquei muitos dias também ajudando nas regulações e acionamentos aeromédicos", continuou.
A cearense destacou ainda que o seu trabalho foi "por trás das cortinas". "Costumo dizer que é o trabalho de bastidores, por trás das cortinas, mas que tem sua importância também. Durante esses dias que fique ajudando na regulação, eu fiquei em Porto Alegre, nos demais dias foi em Canoas", explicou.
MÉDICA AUXILIOU NO TRANSPORTE DE RECÉM-NASCIDO ATÉ PORTO ALEGRE
Durante o período que esteve atuando no resgate, Andreza contou ter auxiliado no resgate e transporte de um recém-nascido prematuro. A bebê estava com desconforto respiratório, na cidade de Palmeira das Missões, 451 km de Porto Alegre. Para o transporte, um esquema foi montado com outra equipe de aeromédicos.
"[A cidade estava] com difícil acesso terrestre, devido inundações, e o bebê foi transferido para hospital de referência na região metropolitana de Porto Alegre. Ela foi transportada de Palmeira das Missões para Canoas em uma aeronave de asa fixa — com outra equipe. E de Canoas eu segui com ele para Cachoeirinha, onde ficava o hospital de destino", relatou.
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