Tancredo de Almeida Neves foi uma figura emblemática na história política do Brasil, conhecido por sua habilidade política, diplomacia e papel crucial na transição do país da ditadura militar para a democracia. Nascido em São João del-Rei, Minas Gerais, em 4 de março de 1910, Tancredo iniciou sua carreira na advocacia, mas rapidamente se envolveu na política.
Carreira Política
Tancredo Neves começou sua carreira política na década de 1930, quando se filiou ao Partido Progressista. Durante o Estado Novo, regime ditatorial de Getúlio Vargas, ele foi eleito deputado estadual em Minas Gerais. Após o fim do Estado Novo, em 1945, Tancredo foi eleito deputado federal constituinte pelo Partido Social Democrático (PSD).
Ao longo de sua carreira, Tancredo se destacou por sua habilidade em navegar pelas complexidades políticas do Brasil, tendo servido como ministro da Justiça no governo de Getúlio Vargas e como primeiro-ministro no breve período parlamentarista durante o governo de João Goulart, entre 1961 e 1962. Após o golpe militar de 1964, Tancredo manteve uma postura de oposição moderada, o que lhe permitiu continuar sua atuação política mesmo em um regime autoritário.
Nos anos 1980, como governador de Minas Gerais, Tancredo Neves se consolidou como uma das principais lideranças políticas do país. Ele foi uma figura chave no movimento Diretas Já, que pedia eleições diretas para a presidência da República. Com a impossibilidade de se realizar eleições diretas, Tancredo foi escolhido como o candidato de um colégio eleitoral que simbolizava a transição democrática, reunindo uma ampla aliança de oposição ao regime militar.
A Frase "Canalhas"
Uma das frases mais célebres atribuídas a Tancredo Neves reflete seu descontentamento com a corrupção e as práticas antiéticas na política. Em um de seus discursos, ele disse: “Não roubar, não deixar roubar e botar na cadeia quem rouba”, frequentemente interpretada como uma crítica feroz aos "canalhas" que exploravam o sistema em benefício próprio. Esta frase ecoa seu compromisso com a moralidade e a ética na vida pública.
Morte Misteriosa
Tancredo Neves foi eleito presidente do Brasil pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, vencendo Paulo Maluf. No entanto, antes mesmo de assumir o cargo, Tancredo foi internado no hospital devido a uma grave doença. Em 14 de março de 1985, na véspera de sua posse, ele foi levado às pressas para uma cirurgia de emergência por causa de uma diverticulite, uma inflamação do intestino grosso. A situação se complicou e Tancredo passou por várias cirurgias subsequentes.
Infelizmente, Tancredo Neves nunca chegou a tomar posse como presidente. Ele faleceu em 21 de abril de 1985, aos 75 anos, após uma série de complicações pós-operatórias. Sua morte gerou uma onda de comoção nacional e deixou um sentimento de mistério e frustração entre os brasileiros que viam nele a esperança de uma nova era democrática. Muitos questionaram as circunstâncias de sua doença e morte, alimentando teorias da conspiração e especulações sobre um possível envenenamento ou erro médico.
Legado
Apesar de não ter tomado posse, Tancredo Neves é lembrado como um símbolo da luta pela democracia e da transição pacífica do Brasil para um regime democrático. A memória de Tancredo é celebrada em monumentos, instituições e na história do Brasil, perpetuando sua visão de um país justo, democrático e livre de corrupção.
por Iram de Oliveira
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