O problema do professor é que ele só quer dar aula.
Escutei essa frase há muito tempo. Mal sabia que ela não demonstrava
apenas um profundo desconhecimento da prática docente, mas revelava
também a visão distorcida de que o conteúdo do trabalho em sala de aula
era um empecilho no relacionamento tóxico que se consolidaria adiante: o
casamento entre a pedagogia e a administração.
Dar aulas começava a ser visto como um “problema”, e não mais como uma solução para o processo civilizatório. A questão era bem mais grave do que eu imaginava. A transmissão do saber — prática comum a qualquer licenciatura, e tão antiga quanto a própria filosofia — começava a ser considerada um entrave. Trocar professor por “mediador”, conteúdo por “habilidades”, prova por “autoavaliação” eram as consequências apontadas pelo marketing pedagógico.
0 Comentários