Por: Plínio Montagner
A
amizade é um bem maravilhoso. Mas como tudo que é bom custa caro, manter amigos
também é uma tarefa que exige cuidados.
É
incrível como as pessoas têm dificuldades para expressar seus sentimentos, até
para conversar. Não se trata de timidez ou receio, é que não dá tempo mesmo.
Antes
do disparo da tecnologia as pessoas conversavam mais, as famílias sentavam à
mesa, lutavam junto, percorriam os mesmos caminhos, empregavam os mesmos meios
de comunicação.
A
tecnologia alterou o comportamento das pessoas que não conseguem mais
“conversar com seus botões”, ficando isoladas mentalmente. Estão sempre
conectadas. O resultado é que o toque, que já estava meio sumido, agora acabou.
Sobrou algum cumprimento seco, discreto, meio sem vontade. Abraçar… nem pensar.
Meu
neto chega a minha casa ou a de seus pais e vai direto ao computador. Para uma
conversa com seus filhos, logo os pais vão precisar agendar ou fazer
“requerimentos”…
Namorar
ficou muito estranho. Namorados se “veem” e se “tocam” e se “falam” à distância.
Quem tem mais de 50 ou 60, com certeza acha que o jeito antigo era melhor.
Aquela época do sofá, do banco do jardim, do fusca, do cinema e da dança de
rosto colado.
Voltando
ao tema “Amigos”, com o tempo nos acostumamos às particularidades de cada um.
Tenho um amigo cuja amizade vai para mais de 40 aos que nunca contou uma piada
nem pronunciou um nome feio. Tenho outro, da mesma época, que é bastante
extrovertido; não fica um minuto sem contar alguma piada. Lembro-me também de
um advogado que gostava de cozinhar. O assunto era receitas. Falava dos pratos
que fazia, onde comprava os ingredientes e tal. Falar sempre a mesma coisa, é
ou é cansativo?
Numa
reunião de amigos é bom não haver homogeneidade de profissões. É interessante
que os grupos sejam formados por pessoas de profissões diferentes. Assim todos
aprendem um pouco da especialidade de cada um, educação dos filhos, costumes,
agricultura, pecuária, mercado financeiro, música, medicina etc.
Assunto
áspero mesmo é doença. Mas não escapa. Quem é que no grupo não fez uma
operaçãozinha ou tem alguém da família que não está ou ficou doente?
Amizade
sincera e amizade comum são diferentes. Na verdadeira não há sentimento de
posse, nem obrigação, nem dominação, por isso o amigo de verdade confia na
gente, não há segredos, egoísmo nem inveja.
Agora
o tempo encolheu. Bilhões de celulares, máquinas digitais, TV, computadores,
internet. Muitas coisas ao mesmo tempo esfriaram o contato humano e reduziram
os momentos de isolamento. Isso não é bom para o cérebro que necessita de
“férias” para sair da rotina e ter condições de pensar por si.
O
homem moderno está sem tempo para reflexões e desenvolver sua personalidade,
ter opiniões, se interar ao meio e à sociedade.
Outro
ponto importante é que com o tempo percebe-se que quanto menos se tem, menos
importante se é, e mais insignificantes são as pessoas, mais fácil será
acreditar na sinceridade nos relacionamentos.
Celebridades
e ricos sofrem bem isso. Nunca eles sabem se são amados de verdade e se os
amigos são verdadeiros.
Qualquer
amizade vai bem quando se abre o coração e se afugenta o orgulho. A
continuidade de uma amizade depende disso. A humildade é muito mais forte que a
arrogância. Brigou? Foi maltratado e humilhado? Por que esperar que o outro
puxe conversa?
Uma
regra básica num relacionamento é perdoar e pedir perdão, e mais, aceitar a
ideia de que quem ama também ofende e maltrata.
Amizade
e amor não combinam com egoísmo e interesse.
Amigos
são bens imprescindíveis. Sem eles não existimos. Um amigo sempre oferece seu
ombro às nossas aflições.
Daí o
ditado: a parte mais importante do corpo é o ombro.
Por:
Plínio Montagner mora
em Piracicaba (SP) e é formado em Pedagogia pela Unicamp, Letras e Direito pela
Unimep.
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