Internet: uma sensação de liberdade

O avanço da internet fez com que muitas pessoas descobrissem o valor da liberdade e percebessem que, no Brasil (mas não só aqui), ela nos é ceifada de inúmeras maneiras pelo governo – que ainda quer piorar a situação.
                              Por: Luís Guilherme Pereira
Dou um pequeno exemplo. Recebi uma notícia (veja aqui) de que caroneiros em Minas Gerais estão sendo ameaçados pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) de ser enquadrados como “transporte ilegal de passageiros” e, consequentemente, ir em cana. Eles se organizam pela internet, cobram preços (abaixo da passagem de ônibus) de forma que não tenham prejuízo (em geral, não buscam lucro mesmo), e é um bom negócio para todo mundo.

Outro exemplo: há alguns anos surgiu o Airbnb, que permite que pessoas aluguem ou subloquem suas residências por um tempo determinado, de forma que visitantes consigam uma alternativa mais barata aos hotéis, e os proprietários complementem sua renda e/ou conheçam novas pessoas. Em Nova Iorque já estão querendo acabar com a festa (veja aqui).


A internet também nos trouxe o Netflix, que oferece, por algo em torno de R$15,00 mensais, uma coleção excelente de filmes e séries. Qualquer um com uma conexão boa de internet pode economizar grande parte do dinheiro que gastaria em locadoras ou em TV a cabo – caso seu consumo seja primordialmente de filmes e séries. Bom para você? Logo, ruim para o governo. Endosso cada palavra desta nota (veja aqui), que divulga o caso.
Na internet, qualquer um pode começar um blogue, um podcaste, um saite qualquer e divulgar o que pensa. Embora não haja grande regulação para jornais (mas a exigência de diploma para jornalistas entrava um pouco mais), o custo é muito mais alto e o serviço é limitado a texto e imagens. Para ter uma TV ou uma rádio, é preciso ter concessão estatal. Você pode escrever um serviço de mensagens, mas para operar telefonia também é preciso concessão do Estado.

Para cada liberdade que descobrimos que poderíamos ter com a Internet, o governo e/ou o lobby das empresas que financiam o governo e os políticos tentam combatê-la. Além do DER contra os caroneiros; ministério das comunicações e TVs a cabo contra Netflix; hotéis e governo de Nova Iorque contra AirBNB; as centrais de táxi querem acabar com aplicativos de chamada de táxi (que já me salvaram a vida muitas vezes); o governo federal tenta, de todas as maneiras possíveis, “regular” a internet – um eufemismo para censurá-la. E não duvide se a exigência de diploma para exercício do jornalismo for usada como armadilha para fechar todos os blogues e saites incômodos. Enquanto eu escrevia este artigo, vejam só, recebi a seguinte notícia: a ministra Maria do Rosário quer tirar do ar um blogue de humor (direto com a polícia, sem processo legal) porque “tirou sarro” dela (vejaaqui).
Apesar de todos esses problemas, contudo, há de se dizer: isso é uma coisa ótima, em vários sentidos.

A internet deu ao brasileiro a noção do que é liberdade, de como ela é uma coisa que melhora a vida, de como muitos dos medos de má-fé (que são usados para justificar o paternalismo governamental) são infundados. Que, quando o governo não se mete no que não é da alçada dele, as coisas são melhores, mais baratas, mais eficientes.

E quando o mesmo governo tenta tirar as liberdades depois que o povo já as conheceu, sua índole totalitária é exposta, e a realidade se torna mais patente. Aqueles que mostravam a tirania param de ser tidos como loucos ou conspiratórios. É como na alegoria da caverna: é muito fácil manter-se na escuridão, mas é muito difícil devolver-se-lha depois de contemplar a luz.
Artigo publicado no site Revista Vila Nova

Por: Luís Guilherme Pereira é engenheiro de computação.



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