Gestão estadual suspendeu pagamento e não tem aceitado negociar a dívida com fornecedores
Por: Ciro Marques
Que as micro e pequenas empresas são importantes para a economia
potiguar, ninguém dúvida. Geram empregos, movimentam o comércio de bens e
serviços, pagam impostos. E fazem isso mesmo com um obstáculo nada
fácil de transpor: a inadimplência do Governo do Estado. Isso porque o
último ano da gestão estadual começa com uma dívida de R$ 100 milhões
com as empresas que faturam até R$ 300 mil por ano. O montante já causou
a falência de vários empresários e tem causado receio em novos negócios
com o poder público estadual.
A informação é do presidente da Associação Comercial do RN, Itamar
Maciel. Segundo ele, esse montante de dívida é de serviços que foram
contratados, prestados de forma legal e faturados, contudo, sem o devido
pagamento. “No inicio do governo Rosalba, ela decretou a moratória. As
dívidas do governo Iberê Ferreira (encerrada em 2010) para trás, não
seriam pagas, as dívidas dos governos anteriores. Algumas empresas
chegaram a quebrar e outras estão agonizando”, explicou Itamar.
É importante lembrar que em junho de 2013, a Associação Comercial
chegou até a fazer reuniões para convocar aqueles empresários que
tivessem dinheiro a receber do Governo como forma de realizar uma
“cobrança conjunta” ou, pelo menos, abrir rodadas de negociações de
dívidas. Contudo, pouco depois, a gestão estadual anunciou a “crise sem
precedentes” e o Estado “quebrado”. Decretou corte total nos gastos e
assim terminou o ano.
Isso, porém, não foi suficiente para evitar que as despesas
crescessem. Afinal, naquela época, a Associação Comercial tinha
conhecimento de uma dívida de, apenas, R$ 20 milhões. Os débitos eram
referentes, exclusivamente, aos anos de 2011, 2012 e 2013. Ou seja: eram
só do Governo Rosalba. “Entendemos a situação de crise financeira, mas
essas dívidas representam valores muito altos para micro e pequenas
empresas, que não tem um faturamento tão elevado assim”, afirmou Maciel.
O presidente da Associação Comercial fez questão de lembrar, também,
que a partir do momento em que o Governo do Estado não paga seus
débitos, as empresas também ficam em dificuldades financeiras e não
conseguem pagar seus fornecedores – e até os impostos. Ou seja: quem
seria responsável por fomentar a economia, está sendo o motivado de uma
reação em cadeia negativa para as empresas.
“Temos que lembrar que as micro e pequenas empresas são responsáveis
pela geração de 96% dos empregos formais do Brasil. Elas entrando em
dificuldade, vão atrasar seus fornecedores, provocando crises em outras
empresas. Além disso, isso também corte de gastos, demissões, redução da
oferta de emprego, cortes orçamentários, mais atrasos de impostos e
mais problemas de arrecadação”, enumerou Itamar Maciel.
JH
0 Comentários