Política: não troquemos mais "seis por meia dúzia"

Pouco mais de 3 milhões de eleitores Norte-Riograndense estão aptos a votar, no dia 5 de outubro deste ano, para elegerem o próximo governador do Estado, um senador da República, 22 deputados federais, 46 deputados estaduais e ajudarem a eleger o futuro presidente da República. Não terão muito boas opções, mas é importante exercer esse dever de cidadania. No pleito de 2010, uma quantia significativa do eleitorado deixou de comparecer às urnas.

Este ano, também pelas eleições, é muito importante. Depende da consciência e responsabilidade de cada eleitor o futuro da gestão pública do Rio Grande do Norte e nacional. Quanto mais exigente for o portador da cédula de votação na escolha dos seus representantes, melhores serão as perspectivas de uma nova ordem político-administrativa, por isso, escolher os melhores do rol de postulantes é contribuir para renovar.

Os resultados apresentados pela classe política brasileira, sobretudo no campo da ética, têm dado margem a comentários nada lisonjeiros que enlameiam, inclusive, aqueles cujas ações estão sendo pautadas dentro dos padrões morais exigidos a todos quantos se propõem a exercer a representação popular.

Tem havido, lamentavelmente, uma vertiginosa queda de qualidade no universo dos homens públicos nacionais e, sempre em ano de eleição, como o corrente, renascem as esperanças de melhoria nos quadros existentes, mesmo persistindo, equivocadamente, uma grande repulsa da sociedade pelo exercício da política.


Repugnar político, por qualquer que seja a razão apontada pelo brasileiro, é um direito garantido no ambiente democrático. A política, no entanto, não. Ela deve ser aceita como um instrumento capaz da construção dos meios de defenestração dos oportunistas infiltrados nos partidos com a finalidade de satisfazer seus interesses pessoais, condenáveis, de negação de tudo quanto se espera dos detentores de mandatos eletivos ou de cargos na pública administração.

Transgressão

As pessoas de bem, incluindo os jovens, que estão distantes da política, só contribuem para ampliação dos espaços já ocupados pelos malfeitores e ajudam a manter o estado de coisas detestáveis postas a afrontarem os sentimentos daqueles ainda capazes de se indignarem com a transgressão à coisa pública, nos seus mais diversos aspectos em que se inclui a apropriação e os desmandos incontroláveis, apesar de todo o aparato de fiscalização já existente.

Faz tempo que os resultados das eleições só apresentam mudanças de "seis por meia dúzia", o que significa, no linguajar comum, a troca dos mesmos. Não há renovação qualitativa, de gente com envergadura moral capaz de, sendo Governo, contestá-lo quando necessário, segundo os seus princípios, e sendo oposição saiba representar bem essa importante parcela social, pois quando séria ajuda o governante, com a crítica e a vigilância, a melhor servir ao seu povo.

O calendário eleitoral definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assim como o ano civil, começou a ser praticado na última quarta-feira, com as limitações sobre pesquisas de intenção de votos. Mas o dos políticos, interessados direta ou indiretamente na disputa de outubro, está informalmente vigorando há algum tempo, principalmente aos pretensos candidatos a cargo majoritário, apesar da imobilidade dos seus partidos, quase todos fisiológicos e, por conseguinte, mais fragilizados que muitos dos seus filiados, interessados apenas em ter a legenda para a garantia da candidatura.

Convenções

Oficialmente as candidaturas só estarão postas em junho, quando da realização das convenções partidárias, exigidas por lei para a homologação dos nomes por suas respectivas agremiações. Até lá tudo vai continuar no universo da especulação. Os candidatos à sucessão estadual e ao Senado, inexplicavelmente, estão condicionados ao calendário definido pelo governo tão fracos são os grêmios oposicionistas, incapazes, por isso, de oferecerem alternativas de nomes para as duas posições mais importantes em disputa: governador e senador.

Lamentavelmente, pelas articulações que a cobertura política impõe acompanhar, mais uma oportunidade será perdida de oxigenar os quadros políticos do RN. Como não foram filiados, até 5 de outubro do ano passado, gente nova com disposição de mudar, as relações apresentadas pelos partidos são uma mesmice, velhas caras ou herdeiros com características semelhantes, certeza de que tudo continuará como dantes, para prejuízo da própria sociedade, nos quatro anos que se iniciarão a partir de janeiro de 2015.


Texto original: Diário do Nordeste/adaptado para realidade do RN





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