P.O.R massas.org
A burguesia, seus governos e seus
partidos se valem da trágica morte do cinegrafista Santiago Andrade para
justificar e avançar o Estado policial
O presidente do Senado Renan Calheiros
(PMDB) se apressou em anunciar que colocará em votação o Projeto de Lei sobre o
terrorismo (PLS-728). O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT), o apoiou
imediatamente. Ambos se valeram da campanha montada pelos meios de comunicação
sobre a palavra de ordem de punir exemplarmente os culpados pela morte do
cinegrafista.
O petista Jorge Viana vestiu a máscara
da reação: “Foi, sim, uma ação terrorista o que nós vimos na manifestação”. Dilma
Rousseff chancelou a posição de Calheiros/Viana. Qualificou de assassinato e
colocou a Polícia Federal a serviço do governador Sérgio Cabral e do prefeito
Eduardo Paes.
A grande imprensa taxou o ocorrido como
obra de bandidos. Condenou os Black Blocs como “perigosos delinquentes”.
Descreveu o fato como um “ataque covarde”. Foi “homicídio”,
vociferou o jornal O Estado de São Paulo.
Observa-se que os agentes da burguesia
se aproveitam da situação para dizer o que querem e para enganar a população.
Uns dizem que foi um ato terrorista e que por isso é preciso aprovar com
urgência uma dura lei. Outros, que foi obra de bandidos. Terroristas e bandidos
são a mesma coisa para aqueles que falseiam a realidade.
Nem foi um ato terrorista, nem um ato
de bandidos. Foi um acontecimento não premeditado em meio ao violento conflito
que vem se desenvolvendo desde junho do ano passado entre manifestantes e o
aparato policial do Estado. Um rojão, que se compra nas casas de fogos de
artifício, foi acionado por um dos manifestantes que estava nas ruas contra o
aumento das passagens dos transportes coletivos e contra as bandalheiras da
Copa. O cinegrafista foi atingido não como um alvo de terrorista, mas como uma
fatalidade.
O uso de rojões por manifestantes
contra o aparato de guerra da tropa de choque tem sido comum, embora contra os
policiais altamente protegidos não têm poder de letalidade. Não passam de fogos
de artifício. O seu uso revela a pobreza política de uma ala do movimento.
Ficou demonstrado que não é uma arma. Não é possível manejar um rojão com
precisão. O seu manejo errático, no entanto, mostrou que pode ser fatal para
qualquer uma das pessoas (cinegrafista, transeunte e manifestante), menos para
enfrentar a tropa de choque.
Dizer que foi um ato terrorista é uma
canalhice do peemedebista Calheiros e do petista Viana. Correr para aprovar uma
lei que já estava no Congresso em função da Copa, é próprio de uma democracia
que serve de máscara para o Estado policial. Convocar o Estado policial a
destruir os Black Blocs como sendo uma horda de bandidos, é usar a tal
liberdade de imprensa para promover a mentira e reação política.
Não era preciso que um cinegrafista
morresse em uma manifestação por um artefato lançado descontroladamente para
que todos os partidos da burguesia, seus governos e seus aparatos de
comunicação se unissem para promover a ampliação das leis de repressão
política. A lei antiterrorista vem sendo implantada em toda parte por exigência
dos Estados Unidos. As burguesias semicoloniais e seus governos se submetem
mostrando o temor que têm à luta das massas e, particularmente, do
proletariado. As próprias necessidades do Estado em conter as tendências
explosivas dos explorados e conter a explosiva violência provocada pela
desintegração social nas camadas oprimidas que procuram a sobrevivência na
criminalidade obrigam os governos a ampliarem suas forças repressivas e a
recrudescerem a Justiça contra as massas.
A morte de Santiago Andrade caiu do céu
para os objetivos reacionários da burguesia. Foi uma benção para o corrupto
Renan Calheiros – esse sim um perigoso facínora da burguesia.
Os jovens Fábio Raposo e Caio Silva de
Souza foram identificados como responsáveis pelo acontecimento. Já foram
condenados sem julgamento. A imprensa se encarregou das funções de um tribunal.
É necessário que se faça uma campanha
contrária à criminalização dos movimentos. Criminalização essa que avança
conforme as massas ganham as ruas e aprendem a lutar com seus próprios métodos.
É preciso fazer a firme defesa da
libertação de Fábio Raposo e Caio Silva de Souza. Os verdadeiros responsáveis
pela morte do cinegrafista são: o governador Sérgio Cabral/PMDB, o prefeito
Eduardo Paes/PMDB e a polícia.
P.O.R massas (Partido do Operário Revolucionário) Veja no Site Original
0 Comentários