Abrir o próprio negócio parece
ser a solução perfeita para quem quer fugir do patrão e, ao mesmo tempo, ajudar
a economia por meio da criação de empregos e do aumento da produção. Esse
passo, no entanto, requer planejamento e cuidado para não terminar em dor de
cabeça. A falta de gestão profissional, dizem especialistas, põe em risco a
sobrevivência das micro e pequenas empresas.
Por: Welton Marques
De acordo com o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a taxa de mortalidade
das empresas com mais de dois anos de funcionamento corresponde a 24,6%. Na
prática, uma em cada quatro empresas fecha até dois anos após a criação. Grande
parte desse índice pode ser atribuída à má administração.
O principal problema diz respeito
à mistura entre o patrimônio pessoal dos donos e o dinheiro das empresas. A
falta de um sistema claro de contabilidade compromete a manutenção e a
capacidade de investimento das empresas. A dificuldade, dizem os especialistas,
não se restringe aos negócios familiares e acomete grande parte das empresas.
“Sem uma separação definida entre
o patrimônio pessoal e da empresa, os donos ou os sócios fazem retiradas sem o
devido cuidado e põem em risco a contabilidade do negócio”, adverte o consultor
Marcello Lopes. Para ele, os proprietários precisam saber quanto a empresa
rende, para somente então definirem o valor das retiradas. “O empresário não
pode simplesmente retirar o valor que quiser porque a renda dele é determinada
pelo lucro do negócio”, acrescenta.
A falta de profissionalização na
administração das empresas também pode causar problemas com o Fisco. “Por falta
de conhecimento, as retiradas para proveito próprio do dono são registradas
como despesas relacionadas à atividade da empresa, que reduzem o lucro e diminuem
o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido”, explica o
advogado tributarista Edemir Marques de Oliveira.
Se a Receita constatar que as
despesas foram registradas de forma errada e diminuíram o lucro
artificialmente, ela pode auditar a empresa. “No fim, o empresário vai pagar
ainda mais impostos e ter dor de cabeça mesmo que não tenha tido a intenção de
burlar o Fisco”, diz o advogado.
Pela legislação, as empresas que
faturam até R$ 3,6 milhões por ano pagam os tributos federais, estaduais e
municipais por meio do Simples Nacional. Segundo Lopes, o regime simplificado
de tributação, ao mesmo tempo em que facilitou a vida das empresas,
desestimulou os pequenos negócios a buscar uma gestão profissional. “No Simples
Nacional, basta um livro-caixa para pagar os impostos, mas isso não significa
que as empresas devam ser descuidadas com a administração e a contabilidade”,
diz.
A falta de planejamento
compromete o crescimento das empresas no médio e no longo prazo, principalmente
quando as empresas faturam mais e saem do Simples Nacional. "Uma gestão
descuidada compromete não só o pagamento de impostos como atrapalham a obtenção
de crédito para a empresa porque ela não consegue justificar a contabilidade
aos bancos”, alerta Lopes, que presta orientação a empresas que querem
profissionalizar a administração.
Para Oliveira, o custo de as
micro e pequenas empresas recorrerem a uma consultoria para profissionalizar a
gestão compensa os resultados. Caso o custo seja alto, o advogado aconselha os
empresários a procurar as associações comerciais e as unidades do Sebrae para
receberem orientações sobre a administração dos negócios. “Essas entidades
ajudam o empresário a correr atrás de uma gestão um pouco mais profissional”,
comenta.
Fonte: Agência Brasil
0 Comentários