Sempre se ouve pelos trânsitos a expressão roda presa. É pejorativa.
Alguém que dirige mal o seu carro. Assim também alguém pode ser um roda
presa, dirigindo mal a sua vida. Por: Lasana Lukata
Partindo da hermenêutica de que a Bíblia ilumina a própria bíblia, há uma palavra chave que nos dá a solução de que Faraó liderou a perseguição ao povo de Israel, vindo a perecer no mar. A palavra está no capítulo 7:14 – “Então disse o Senhor a Moisés: o coração de Faraó está obstinado…”. A palavra é: obstinado.
Sabemos que um homem obstinado tem objetivos claros, definidos, Faraó
nunca que iria deixá-los ir. Um obstinado não cede uma linha sequer.
Quando Deus fala a Moisés sobre o coração obstinado de Faraó, era para
Moisés não se enganar com ele, mas Moisés diz que Faraó o enganava, não,
não o enganava, estava claro que não deixaria ninguém partir, os verbos
imperativos “ide… mas não vades muito longe”, demonstram o controle, o poder, a ordem. Escravo é escravo.
Como a Bíblia é um livro repleto de simbolismos não podemos deixar de ver mais um quando no livro de Êxodo 14: 25 diz:
“Emperrou-lhes as rodas dos carros, e fê-los andar dificultosamente…”
em outra tradução em vez de emperrou-lhes, diz: embaraçou-lhes. Não
foram felizes as traduções da Bíblia de Estudo Pentecostal, Bíblia
Peschitta e João Ferreira de Almeida, quando dizem: “tirou-lhes as rodas”. O mais acertado é emperrar por que a ideia a ser transmitida era a de dificuldade.
Não é em vão que Deus fala em rodas emperradas, rodando com
dificuldade ou dificultosamente. A roda emperrada simboliza a própria
mente de Faraó, também emperrada, obstinada, cristalizada, vesga, véu
nos olhos, avaliando-se para mais, presa a um pensamento, uma ideia
fixa, manifestando um estado de morbidez de sua consciência.
É fundamental observar o contexto em Êxodo, 14:3, Deus revelando os pensamentos de Faraó:
“então, Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados (emperrados) na terra, o deserto os encerrou”.
Novamente a palavra chave, embaraçar, como sinônimo de emperrar, comparece.
E de mais a mais as rodas egípcias não estavam em disputas, todas
tinham um único objetivo, trazer de volta os escravos. Quem assistiu ao
filme Ben-Hur percebe que Messala na disputa esportiva com Ben-Hur raspa
criminosamente, várias vezes, uma espécie de esporão metálico da sua
roda na do seu oponente e as rodas eram de madeira, os raios das rodas
de Bem-Hur foram destruídos. Este não era o caso dos egípcios que tinham
uma só finalidade, repise-se, reconduzir os israelitas à escravidão. A
multidão de carros, a geografia do terreno, dificultava tudo, pois a
Bíblia fala que além de seiscentos carros escolhidos, foram todos os
carros do Egito. Esses carros eram chamados de bigas, quadrigas e
bigários, quadrigários os seus condutores. Biga puxava-se por dois e
quadriga por quatro cavalos.
Outra questão é Faraó poderia dar ordens aos seus generais, como eram
os costumes da época, e continuar no palácio, pois se tratavam apenas
de escravos, não haveria uma batalha gloriosa, entanto, a obstinação
revela uma situação pessoal, pois aos seus oficiais, Faraó tinha dado
ordens de aumentar o serviço, oprimir mais ainda os hebreus e não
resolveu; chamou os magos e não resolveram, foram até certo ponto, mas
quando viram que havia o dedo de Deus na coisa pularam fora, então veio a
Faraó aquele pensamento que passa na cabeça de muita gente com poder no
dia a dia que é: “Eu mesmo tenho que resolver isso!”.
“e aprontou o seu carro e tomou consigo o seu povo” (Êxodo 14:6).
Se alguém tem o coração obstinado igual ao de Faraó, saiba que com a
mente emperrada, obstinada, esse alguém não alcançará seus objetivos por
que se a mente está emperrada, esse emperramento comunica-se a tudo da
vida desse alguém. Torna-se uma vida estrangulada por uma ideia
encasquetada.
Na parte b de Êxodo 14:25 afirma:
“…Então, disseram os egípcios: fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios”.
Os egípcios vendo as rodas emperrando, perceberam que havia algo mais
do que homens naquela perseguição: Deus, O EU SOU. Perceberam tarde
demais.
É preciso compreender Êxodo 14:26: quando o senhor diz para Moisés
estender a mão sobre o mar para que as águas tornassem sobre os
egípcios. Ali já estava incluído Faraó, é questão de gênero e espécie,
pois ele deixa de ser singular, espécie, deus e rei, para ser mais um
egípcio na multidão dos que boiavam no mar dos derrotados.
Depois de atravessar o mar é necessário fazer como Moisés, virar-se e
encarar o problema, ainda que ele venha como nome de deus, rei, Faraó.
Demais disso, o ato de estender a mão para abrir o mar e depois de
atravessá-lo, estender a mão para fechar o mar, significa fechar o mar
sobre os seus egípcios, que simbolizam os entraves, problemas, isto para
as dificuldades não continuarem perseguindo, tentando se apoderar de
você por toda a existência.
A Bíblia relata em Êxodo 14:30 que Israel viu os egípcios mortos na
praia do mar, mas Deus não chamou almas para ficarem emperradas, olhando
egípcios mortos na praia do mar. Melhor seria imitar crianças com
hábitos de catarem conchinhas na praia para levar e não andar com um
egípcio morto embaixo do braço e pior, levando-o na mente, emperrando a
roda da vida. Uma roda presa.
Quando os israelitas viram aquela multidão de rodas girando para o
lado deles, temeram, sem saber que quando se avista muitas rodas girando
simboliza uma tristeza seguida de alegria, e foi o que aconteceu,
temeram, ficaram tristes ao perceber as rodas, mas quando foram
emperrando e o mar se fechando sobre elas, veio uma tão grande alegria
que Miriam cantou e dançou na presença de Deus.
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