Por: Roberto Nascimento
Antes de 1964, podia-se votar no presidente de um partido e vice do
outro. Assim venceu Jânio Quadros, da UDN, e João Goulart do PTB. Creio,
que aquela forma causa distorções de toda ordem. Os dois ficam sempre
de olho um no outro, o primeiro com medo das ações do segundo temendo
uma conspiração para derrubá-lo e assim, assumir o poder. Esse quadro
causa profunda distorção na mente do eleitor e aprofunda a instabilidade
política e institucional.
Os motivos da renúncia de Jânio, talvez tivessem na raiz de tudo a
vontade de se livrar do vice incômodo para poder governar
ditatorialmente, conforme fez Getúlio Vargas, um presidente com P
maiúsculo, que todos desejariam copiar ficando mais de quinze anos no
poder. Todos que assumiram o poder máximo no Brasil, desde o fim da era
Vargas tiveram esse sonho de consumo, entretanto, ninguém conseguiu
ficar mais de oito anos seguidos. Digo oito anos por culpa de FHC, que
trabalhou e conseguiu mudar a Constituição permitindo o segundo mandato
para ele e o seu sucessor aproveitou também.
No tocante a permissão de ter o domicílio eleitoral em um Estado e
poder se candidatar em outro Estado, entendo que a proibição é
pertinente, pois cria toda sorte de malabarismo puramente circunstancial
desse ou daquele partido e suas raposas políticas, em nada beneficiando
o povo. Na última eleição, um político cearense aceitou o canto da
sereia para se candidatar a governador por São Paulo. Lógico que tudo
deu errado, pois o bairrismo ainda predomina em algumas regiões e
principalmente muito arraigado nas Gerais e na Paulicéia. No Rio de
Janeiro, vários candidatos com origens no sul e no nordeste se elegeram
para o governo do Estado, exemplos de Brizola e Moreira Franco.
É o que tinha a dizer para apimentar o debate democrático das ideias.
Fonte: Tribuna da Internet
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