Sexo em segundo plano!

Não faz tanto tempo publiquei nesta coluna dados de uma extensa pesquisa com população urbana que mostrava que, dentre as atividades que as mulheres mais desejavam fazer no ano que viria, o sexo estava em nono lugar. Repito, nono! Atrás de coisas bem mais prazerosas para elas, como viajar, comprar, ficar com filhos, sair com amigas, ir ao cinema, ao restaurante, beber, trabalhar(???) visitar familiares, transitar na internet. Quanto aos homens, fazer sexo era a segunda coisa, após ver ou jogar futebol com amigos, seguido de internet, game, etc.
Algo já cheirava mal no reino da Dinamarca, quando novos trabalhos indicavam que a frequência sexual estava caindo significativamente, assim como a taxa de fertilidade, na mesma proporção que o acesso aos sites pornográficos batem recorde, gerando casos epidêmicos de disfunção erétil em adolescentes e adultos jovens viciados em masturbações e hardcore e spanking (sexo pesado) enquanto pré-adolescentes e adolescente derramam pela rede ‘nudes’ (fotos sensuais seminuas ou despidas) quando não, bêbadas, drogadas e abusadas em festas de embalo de colegiais. Gerando ciberbullyng e até suicídio.
Mas o que me espanta, para quem nos fins dos anos noventa lançou um livro infanto-juvenil – “O que os jovens gostariam de saber e os adultos têm dificuldade de responder”, que versava sobre sexo, droga e rock-in-rol” –, é o quanto nesse tempo de tantos multimeios (Google, Wikipédias, YouTube e essa tal de era da informação) mulheres e homens (nem falo de meninas e meninas) estão tão trogloditas, ignorantes, individualistas e ruins de serviço no que tange ao tema sexualidade.
Podem me malhar, mas há um abismo colossal entre “pegar”, “transar”, “fazer amor” ou unir almas de forma extra-corpórea num orgasmo Kundalínico. Ou saber distinguir desejo, prazer, orgasmo, clímax, êxtase, relaxamento. E o que falar sobre a importância de o macho fazer “a dança do acasalamento”, um ritual em que tenta mostrar à fêmea seu galanteio, virtudes, respeito, capacidade de protegê-la e gerar a melhor prole? E ela, fêmea seletiva, qualificadora, altiva, difícil como as cadelinhas, que no cio passeiam charmosamente por toda cidade, quase que dizendo “como macho é bobo e só pensa naquilo ou futebol”. E, sem pressa, discreta, de forma íntima, acaba cruzando com o que julga melhor. Ponto de exclamação.
Pois, mulheres, ainda assim, têm cio. Pois é cíclica, hormonal. Na primeira quinzena, estrogênica, é mais receptiva, desejosa, sexual. Na segunda, progesterônica, TPM, irritada, impaciente, às vezes incomodada, com inchaço, dor de cabeça, cólicas, menino chorando, marido bêbado, creiam, muitas têm aversão a homens. Já os homens, movidos a testosterona, querem sempre, o tempo todo, às vezes chatos, imprudentes, barrigudos, fedorentos. Não há tesão que resista. Mulheres adoram um prezinho, um agrado, tem mais de 200 áreas erógenas, que, se fossem estimuladas, as levariam ao paraíso na Terra. Mas os caras, vendo tanto filme de sacanagem, querem um bate-estaca que Deus me livre. E ejaculam rápido, viram pro lado ou ligam a TV. Sei que existem mulheres ninfomaníacas ou homens mais lentos que carreta em subida. Ou as que fingem ou os jovens que usam Viagra com ecstasy.
Mas, creiam, sexo é epílogo de uma história bem escrita de admiração, afinidade, lealdade, respeito, amor. É real, sensorial. Caiu na rede tem muito peixe, não magia!
Fonte: Jornal O TEMPO

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