Será que os políticos refletem o comportamento do povo?

Muitas pessoas afirmam que os políticos refletem o comportamento do povo. Eu discordo! O exemplo vem de cima.

A impunidade, o mau comportamento do judiciário, o desejo de nossos governantes em levar vantagem em tudo, incutem no comportamento da população uma espécie de “lei da selva”.

Ninguém se envergonha em ser desonesto. Mas o sujeito se envergonha em ser visto como “otário”.

Quando homens de bem são desonrados pela infâmia e intriga, os referenciais são destruídos e resta absorver a imagem refletida pelos ímpios.

Quando uma atitude honesta é festejada, isto se dá pelo grande deserto que separa o ser ético do padrão de comportamento em nosso dia a dia.

O magistrado debochando do cidadão, o ex-presidente não se envergonhando de (no mínimo) suas íntimas relações com criminosos serem constatadas, o senador com dedo em riste para o presidente da Casa. São maus exemplos.

Tudo isto sugere para as pessoas comuns que: ser imoral, desrespeitoso e delituoso são coisas “normais” para um país sem-vergonha. E que este país é constituído por “sem-vergonhas”.

Além do que, a esmagadora maioria de nossos políticos, vêm de dinastias de políticos com comportamento suspeito. São vários os filhos, netos, primos, irmãos de políticos do passado e do presente que se perpetuam no poder. Verdadeiramente herdeiros deste comportamento destrutivo, que elimina os valores. Até a luta pelo poder, a despeito do que é ético, é imitada no comportamento das pessoas comuns.

Portanto, creio, o maior mal que nos aflige é que nosso povo sofre com a ignorância através da qual é subjugado e, dentro dessa incapacidade de discernimento, imita o comportamento sem ética de seus “lideres”.

A defesa do imundo é afirmar que todos estão sujos. A oportunidade para aqueles que ainda possuem alguma consciência é olhar suas próprias mãos.

*Ricardo Barbieri é engenheiro, empresário, compositor e comentarista de Carnaval.