Reportagem do R7 ouviu professores que acreditam que o ensino é o caminho para a transformação da sociedade.
Sérgio Barbosa(foto) nasceu e cresceu em Caruaru, interior do estado de Pernambuco. Filho de um comerciante bem sucedido na cidade, Sérgio cursou administração de empresas. "Aos 25 anos, decidi fazer um curso de inglês e tive aula com um professor nativo", conta. "Eu me encantei pelo idioma e quando concluí o curso, fui chamado para dar aula."
Aos 30 anos Sérgio deu uma guinada na carreira e passou a dar aulas de inglês em escolas particulares ao mesmo tempo que decidiu ingressar na faculdade de Letras. "Depois de formado, prestei um concurso público e passei em uma escola da periferia, bem distante da minha casa."
O professor chegou até a procurar escolas na região central, mas nunca conseguiu deixar os alunos da escola Jesuína Pereira Rego. "Sou o professor mais antigo da escola, trabalho ali desde 2006, e me identifico demais com a comunidade, apesar de todas as dificuldades de trabalho, é como se estivesse com a minha família."
"Quando eu cheguei na rede pública foi um choque, porque eu estava acostumado a dar aula com lousa branca e na minha metodologia, sempre perguntava o nome do aluno, o telefone para treinar a conversação em inglês", lembra. "Mas me deparei com um quadro negro e giz, estudantes sem telefone em casa, fui me adaptando."
"Apesar das dificuldades que enfrentamos no dia a dia e muito compensador, lembro de um aluno que perturbava muito, o Alan, ele gostava das aulas, mas não parava, quando estava no sétimo para o oitavo ano, ele sumiu", conta. "Anos depois, ele estava fazendo o curso de capacitação de professores e veio me agradecer."
Sérgio também foi um dos escolhidos para desenvolver os materiais didáticos do Skills for Prosperity, iniciativa global do governo britânico que estimula a aprendizagem da língua inglesa nas redes públicas de ensino no Brasil. O professor adaptou materiais didáticos de inglês do projeto de acordo com a realidade e cultura locais. O projeto é implementado por um consórcio de quatro organizações sem fins lucrativos liderado pela Fundação Lemann, incluindo a Associação Nova Escola, Instituto Reúna e British Council.
Lorena Carvalho decidiu seguir o magistério inspirada em sua tia, também pedagoga. "Eu acredito que a educação transforma, os desafios que enfrentamos são muitos e por isso precisamos fazer a diferença no nosso dia a dia", diz.
A jovem decidiu criar uma página no Facebook com a ajuda do marido para compartilhar suas experiências e ajudar outros professores, principalmente os da rede pública, com atividades baratas e turoriais.
O canal da Professora Coruja ganhou as redes socias, o Instagram e o youtube e se tranformou em uma grande rede colaborativa. A influenciadora hoje inspira mais de 100 mil seguidores. "As redes sociais me proporcionam conhecer pessoas incríveis e um professor vai aprimorando a ideia do outro, cada pessoa é uma potência e juntos somos muito fortes."
"Algumas situações são marcantes, como a mensagem que recebi de um secretário de uma escola em Angola, na África", conta ela. "Ele queria orientação para ajudar os alunos porque era a pessoa com maior nível de instrução ali, não havia professores formados, e ele queria fazer algo para ajudar as crianças, ele decidiu fazer a diferença e vejo que todos nós podemos ensinar e aprender."
Nesta quarta-feira, a Professora Coruja participa como mediadora do encerramento da campanha #EducaçãoéPotência às 17h30, com uma live transmitida no Facebook da Fundação Lemann, em parceria com o Instituto Natura e a Associação Bem Comum.
O tema da discussão será “Como promover alfabetização em tempos de pandemia”, com participação de Mara Mansani, vencedora do Prêmio Educador Nota 10 em 2014; Marcia Ferri, gerente de projetos no Instituto Natura; e Fátima Melo, coordenadora pedagógica em Sobral (CE)
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