Estudo sobre casais aponta que homens 'nunca aprendem' e são dependentes


 O fim de um relacionamento é mais doloroso para homens do que para mulheres, afirma um estudo liderado pela psicóloga Iris V. Wahring, pesquisadora associada da Universidade Humboldt, em Berlim, na Alemanha.

As conclusões foram publicadas no fim de dezembro pelo periódico Behavioral and Brain Sciences.

Por que homens investem mais emocionalmente na relação?

O trabalho analisou mais de 50 estudos anteriores sobre diferenças de comportamento entre os gêneros em relações heterossexuais. A maioria destes levantamentos foi realizada nos últimos 20 anos, portanto refletem tendências comportamentais e sociais de expressões de emoções mais recentes.

Objetivo era criar um modelo de comportamento de homens e mulheres cisgêneros em diferentes fases do relacionamento. Esta é uma iniciativa inédita; até então não existia um padrão definido da evolução psicológica de cada gênero durante o envolvimento amoroso, apesar de haver conexões entre relações e saúde que são específicas de cada gênero bem documentadas.

Homens esperam mais benefícios de relacionamentos — e geralmente os alcançam. O estudo concluiu que homens ganham mais benefícios de saúde física e mental de um envolvimento romântico do que as mulheres. Por isso, eles são menos propensos a iniciar o término da relação e sofrem mais com o fim.

Sabemos de diversos estudos que as mulheres tipicamente recebem mais apoio emocional de seu ambiente social do que os homens. Por isso, homens heterossexuais são mais dependentes de suas parceiras para satisfazer suas necessidades emocionais do que mulheres heterossexuais. Em resumo, relacionamentos estáveis são psicologicamente mais importantes para homens do que para mulheres.

Iris Wahring, autora principal do estudo, em comunicado à imprensa.

Uma das descobertas que dá suporte a estas conclusões é o fato de que homens se sentem mais motivados a aumentar o nível de compromisso dentro da relação com suas parceiras. Eles também registram níveis mais altos de satisfação e felicidade com o aumento da intimidade mais significativa e, por isso, homens costumam dizer "eu te amo" primeiro.

Múltiplos levantamentos utilizados como base pelo time de pesquisadores apontaram que homens jovens levam, em média, 42 dias para se declararam a suas parceiras. Outro estudo apontou que, em 70% dos casais consultados, o homem disse "eu te amo" primeiro. A mesma investigação feita posteriormente na Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, Polônia e no Reino Unido chegou ao mesmo resultado — eles têm mais pressa para afirmarem o amor deles e criarem um compromisso mais duradouro.

E quando acaba?

É duas vezes mais frequente que uma mulher dê entrada no divórcio do que um homem. Além disso, elas são as primeiras a mencionarem o desejo de se separar e são mais firmes na decisão.

Ao todo, cerca de 70% dos divórcios são iniciados por mulheres, o restante dos casos é dividido entre separações mútuas e decisões tomadas pelos maridos. Mulheres também colocam um ponto final em namoro com maior frequência do que eles.

Parceiro que mais sofre com o fim é aquele que era mais dependente da relação para o seu bem-estar. Frequentemente, este é o caso dos homens, que também costumam imaginar menos benefícios resultantes de uma separação do que elas.

E eles, teoricamente, nunca "aprendem". "Além disso, homens tipicamente experimentam menor crescimento do que as mulheres após a dissolução de um relacionamento e eles têm menor chance de relatar mudanças positivas como ter aprendido o que querem de uma parceira e da relação", salientam os especialistas no estudo.

Outras constatações do time de cientistas:

Garotas adolescentes têm menor probabilidade de acreditar que um parceiro romântico é necessário para ser feliz;

Homens adultos têm maior chance (do que as mulheres adultas) de acreditar que a vida sem parceira é vazia e o torna incompleto;

Homens tendem a manter sentimentos e atitudes favoráveis em relação às suas ex, mais do que as mulheres;

Homens se sentem pior durante a "solteirice" do que mulheres;

Homens têm tendência a ter uma expectativa de vida reduzida e um maior risco de suicídio diante de um divórcio.

Avaliações mais positivas que os homens fazem de suas ex estão relacionadas com o maior nível de suporte social que elas oferecem a eles após o fim. Ou seja, a mulher costuma dar uma força maior para o ex logo após a separação, enquanto ele ofereceria menor apoio — e, por isso, elas teriam menos opiniões positivas dos ex-amados.

Homens permanecem emocionalmente apegados às suas ex por mais tempo que as mulheres. O motivo? Eles dependiam mais delas durante a relação e se tornam mais vulneráveis após o fim, com emoções se tornando mais negativas do que as de uma mulher recém-separada. Menos homens relatam alívio ou alegria após um fim de relacionamento do que mulheres.

Homens e mulheres relatam sentimentos de luto igualmente intensos logo após um término, contudo. Mas quase o dobro dos homens (em relação às mulheres) relata que continua sofrendo com tristeza e insônia ao falar de relacionamentos antigos. 40% dos homens relatam sentimentos frequentes de solidão durante o ano do divórcio, este é o caso para a  para apenas 20% das mulheres.

Expectativa de vida de um homem drasticamente cai quando sua parceira morre; a perda do parceiro para a mulher é menos prejudicial. Em uma análise estatística de um grupo de 500 milhões de pessoas, o risco de mortalidade dos homens cresce cerca de 27% após a morte da parceira. No caso das mulheres, o risco de mortalidade cresce "apenas" 15% ao perder o companheiro.

"Normas sociais influenciam como as mulheres compartilham suas emoções com outros com maior frequência e apoiam umas às outras mais intensamente do que os homens fazem. Mesmo crianças pequenas experimentam estas normas, de acordo com as quais é muito mais comum e apropriado para as garotas do que para os garotos compartilhar suas emoções e vulnerabilidades", justificou o co-autor Paul van Lange, da Universidade Livre de Amsterdã e da Universidade de Colônia, a respeito da maior dependência dos homens de relacionamentos com mulheres.

Homens, em média, têm maior probabilidade de adotar hábitos ruins para lidar com a perda de um amor. Drogas, álcool são subterfúgios comuns para eles, enquanto as mulheres costumam procurar saídas mais saudáveis, como o apoio emocional de sua família e amigos.

Cuidado com os recém-separados... Dada a dependência maior que eles têm de suas parceiras românticas, homens costumam formar novos relacionamentos mais rápidos do que as mulheres após um fim doloroso. A investida em uma nova relação serve para ajudar o homem a lidar com a perda, encontrar intimidade, além de apoio emocional de uma nova parceira.

Homens estão mais propensos a se casar novamente após um divórcio. Ao analisarem uma amostra de homens de meia-idade e idosos, tanto divorciados quanto viúvos, os pesquisadores descobriram que os homens têm seis vezes mais chance de começar uma nova relação após o fim de um compromisso.

Pesquisadores salientam que estas dinâmicas pertencem apenas a relações heterossexuais, especialmente em países ocidentais e industrializados. "Futuros estudos terão que responder quais são as diferenças específicas de gênero entre homens e mulheres em relações homossexuais ou em outras culturas", concluiu Paul van Lange.

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