Por que o Brasil não tem arma nuclear? Entenda

 

O Brasil tem uma dos programas nucleares mais desenvolvidos da América Latina. Saiba mais

           Por que o Brasil não tem arma nuclear? Conheça mais sobre o projeto atômico  brasileiro - Revista Fórum 

Muitos sabem que apenas alguns países no mundo possuem armas nucleares, e o Brasil não está entre eles. No entanto, o que poucos conhecem é que o país possui um programa nuclear robusto, com objetivos estratégicos, científicos e energéticos. Mas do que exatamente se trata esse programa? Como ele começou? Qual é sua situação atual? Descubra a seguir.

O início do programa nuclear brasileiro

O programa nuclear brasileiro teve início ainda na década de 1950, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. A motivação principal era o desejo de dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos, como a produção de energia elétrica e o desenvolvimento científico. No contexto da Guerra Fria, havia também um interesse estratégico em não ficar para trás na corrida tecnológica mundial.

Ao longo das décadas seguintes, o Brasil estabeleceu acordos com diversos países, como os Estados Unidos, Alemanha e França, com o objetivo de desenvolver tecnologia própria. Em 1979, foi criado o Programa Nuclear Paralelo, conduzido de forma sigilosa pelas Forças Armadas, com foco na autonomia do ciclo do combustível nuclear.

Um dos maiores avanços do Brasil foi o domínio do ciclo do combustível nuclear, que envolve desde a mineração do urânio até o enriquecimento e o reaproveitamento do material. Esse processo é conduzido principalmente pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela Marinha, que desenvolveu uma tecnologia própria de enriquecimento por ultracentrifugação — considerada uma das mais avançadas e seguras do mundo.

O domínio desse ciclo garante ao país a capacidade de operar suas usinas nucleares sem depender de fornecedores estrangeiros, o que é estratégico tanto do ponto de vista energético quanto geopolítico.

Usinas nucleares em operação

Atualmente, o Brasil possui duas usinas nucleares em operação — Angra 1 e Angra 2 — localizadas no estado do Rio de Janeiro. Uma terceira usina, Angra 3, está em construção há décadas, com obras retomadas recentemente. Juntas, essas usinas contribuem com cerca de 3% da matriz elétrica nacional.

Um dos projetos mais ambiciosos do programa é o desenvolvimento do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, o Alvaro Alberto, em homenagem ao cientista pioneiro da energia nuclear no Brasil. O projeto é liderado pela Marinha e representa um marco na defesa nacional, pois um submarino com propulsão nuclear pode permanecer submerso por muito mais tempo, aumentando significativamente sua capacidade de dissuasão.

Compromissos internacionais e paz

Embora tenha a tecnologia necessária, o Brasil optou por não desenvolver armas nucleares. O país é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e do Tratado de Tlatelolco, que proíbe a presença de armas nucleares na América Latina e Caribe. Além disso, o Brasil permite inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em suas instalações, reforçando seu compromisso com o uso pacífico da energia nuclear.

O programa nuclear brasileiro é um dos mais avançados entre os países que não possuem armas nucleares. Com foco na produção de energia, inovação tecnológica e defesa nacional, o Brasil demonstra que é possível desenvolver capacidades nucleares com responsabilidade, transparência e em conformidade com os acordos internacionais. 

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