Crise na Europa e nos Estados Unidos, queda de governos árabes,
discussões sobre o aquecimento global. As doenças que acometem o mundo
não são de ordem econômica, política ou ambiental. Nossas mazelas são de
caráter social. A sociedade está enferma.Por: Tom Coelho
As pessoas estão fisicamente doentes. Caminhe por uma praia e observe
a condição dos banhistas para constatar a falta de cuidados com o
próprio corpo, fruto de vida sedentária, alimentação desregrada,
ausência de atividade física. Não é à toa que obesidade, hipertensão
arterial e doenças coronarianas crescem vertiginosamente.
As pessoas estão mentalmente doentes. Ansiedade, angústia,
transtornos de humor. Como prova do que digo, observe a proliferação de
drogarias por todo o país. E mais do que o número de novos
estabelecimentos, a frequência maciça de consumidores. Não importam dia e
horário, invariavelmente você encontrará filas nos caixas. Gente
comprando de medicamentos para as dores do corpo, a ansiolíticos e
antidepressivos.
As relações sociais estão doentes. Temos cada vez mais amigos
virtuais, mas continuamos sem conhecer o vizinho que reside há anos na
porta ao lado. Familiares não comungam de uma mesma refeição, pais e
filhos pouco conversam, casais de amigos em um encontro pessoal trocam a
autenticidade de um diálogo pela efemeridade de tuitadas em seus smartphones .
As empresas estão doentes. Mesmo quando lucrativas, sofrem com crises
de liderança, dificuldades para engajar seus funcionários e reter
talentos, dilemas morais para alinhar discursos institucionais às
práticas corporativas.
Valores e virtudes estão doentes. Intolerância, egoísmo e cupidez
suplantam condescendência, generosidade e gentileza. Prevalece a ética
do interesse pessoal em detrimento do coletivo.
No dia seguinte ao réveillon, na praia, no campo ou nas ruas das
cidades, o cenário era de guerra. Lixo por todos os lados. Garrafas
despedaçadas, deixando cacos de vidros infiltrados na mesma areia onde
crianças inocentemente iriam brincar ao raiar do dia.
Nossos problemas não são conjunturais, mas estruturais. E a solução passa por reflexão, educação e cultura.
Por: Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento” (Flor de Liz, 2011), “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
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