Por: Gutemberg Dias
Desde
dezembro de 2012 que Mossoró pode ser considerada a cidade das incertezas
políticas. A eleição de Claudia Regina ao Palácio Rodolfo Fernandes se
configurou numas das epopeias políticas mais complicadas dos últimos tempos em
solo potiguar e, gera, a cada dia, novos episódios que fazem qualquer um pensar
se a política ainda é o caminho que pode mudar as relações de mundo.
As
sucessivas cassações da prefeita mossoroense refletem o resultado da política
de baixo escalão que é praticada em nossa “Terra
Brasilis”, onde o povo é tratado como massa de manobra e submetido
ao poder econômico dos chefes políticos da hora. O tão conhecido “curral
eleitoral” não deixou de existir e, com algumas derivações, toma conta do
processo político na atualidade.
O
que esperar dos tantos recursos apresentados pela defesa da agora prefeita
cassada Claudia Regina? Será que esse momento não seria de reflexão e
autocritica? Particularmente não acredito em reversão do processo. Sei que do
ponto de vista jurídico ainda existe sobrevida, mas do ponto de vista político
acredito que o processo já foi consumado e o desgaste é um dos pontos cruciais
ao seu retorno.
Ainda,
é importante frisar que todo esse desgaste político e, sobretudo,
administrativo deveria estar sendo tratado pela imprensa de forma clara e
didática. Mas, o que se vê é um processo de esconde-esconde de fatos, onde quem
deveria informar é quem menos informa os acontecimentos reais. Tratar de forma
didática nada mais é do que mostrar os fatos e ajudar a população a entender
que processos como esses na política devem ser rechaçados para que não se
repitam num futuro próximo.
Os
mossoroenses, em todos os cantos, ficam se perguntando qual o destino do
município? Não se vê as massas articuladas defendendo a prefeita cassada quanto
a sua permanência no Palácio Rodolfo Fernandes, muito menos, infladas contra
esse jogo de empurra que o TRE – Tribunal Regional Eleitoral promoveu para
julgar os recursos impetrados contra as decisões monocráticas. Isso, mostra
claramente, que esse processo está a anos-luz de cada cidadão comum de nossa
futura metrópole.
Essa
apatia política é fruto e obra de todos que fazem a política virar circo.
Também, é fruto de todos que tem a convicção que algo precisa mudar, mas
continua insistindo em ficar de braços cruzados esperando a banda passar.
Ainda, é fruto desse sistema político esgotado que não sofre mudanças
significativas capazes de devolver ao povo a vontade de se fazer política. É
nesse caminhar que a cada dia a grande maioria, em todos os campos, não
contribui com a arte de fazer política.
É
notório que esse processo eleitoral em Mossoró é uma peça que deveria servir de
aprendizado para o povo, mas que ao final teremos apenas, pela primeira vez,
uma prefeita cassada em Mossoró e um processo de eleição suplementar.
Infelizmente é esse o resultado de todo esse estágio democrático para o povo
dessa terra onde a padroeira, Santa Luzia, é a protetora daqueles que não
enxergam.
Por
fim, olhando para a pessoa pública de Claudia Regina imagino que ela poderia
tomar uma decisão forte em sua vida ao romper com as amarras que lhe
proporcionaram a ascensão e queda, dessa forma, dando um passo ao recomeço
político.
É
mister perguntar se a prefeita cassada tem coragem de abrir um novo flanco, de
forma independente na política mossoroense, e apoiar alguém que não faça parte
do ciclo vicioso da política local para substitui-la no Palácio Rodolfo
Fernandes? Para mim é uma questão de coragem e de sobrevivência na vida
pública. Ainda, digo, que não pode ser qualquer um, precisa ser alguém tenha
vida própria e, sobretudo, seja capaz de administrar com o povo.
Essas
são minhas impressões sobre esse tumultuado processo eleitoral. Mesmo, assim,
acredito que o povo de Mossoró poderá sair maior e melhor após todo esse
imbróglio político. O tempo é escasso, mas existe. Porém, isso depende de você,
do seu vizinho, do meu amigo, de mim e da imprensa livre e democrática dessa
terra.
Por:
Gutemberg Dias(foto acima) é
presidente do PCdoB em Mossoró
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