Preço do petróleo pode chegar a US$ 185 ao final de 2022 sem o fornecimento russo, diz JPMorgan

 Contudo, analistas destacam que esse seria o cenário extremo, havendo válvulas para a coordenação da oferta.

       Preços do petróleo atingem novas máximas e têm 7ª semana de alta | Economia  | G1

Embora o setor tenha sido retirado do pacote de sanções, nesta semana tornou-se claro que o petróleo da Rússia está sendo condenado ao ostracismo, afirma o JPMorgan, destacando que 66% de toda a commodity do país está enfrentando dificuldades para encontrar um comprador.

O presidente dos EUA, Joe Biden, é pressionado por congressistas de ambos os partidos do seu país para cortar  completamente as importações americanas de petróleo e gás da Rússia. Na Europa, o conflito está levando a repensar a estratégia energética europeia, em que um requisito “livre de Rússia” pode ser adicionado ao requisito “livre de carbono”.

E, para os analistas do banco, em um caso extremo, se a interrupção dos volumes russos da commodity durar ao longo do ano, num caso extremo, o preço do petróleo brent poderia terminar 2022 a US$ 185 o barril.

Ilustrando a dificuldades dos produtores russos, o JP aponta que “nove cargueiros com 100 toneladas de petróleo cada, para entrega em março, não conseguiram encontrar compradores na quarta – depois de já ter falhado na segunda e na terça.” Enquanto isso, o Urals, referência de petróleo na Rússia, está sendo negociado a um desconto de US$ 20 o barril na comparação com o benchmark internacional, mas mesmo assim não tem recebido ofertas.

“No prazo imediato, o choque de oferta é tão grande que acreditamos que o preço precisaria aumentar para US$ 120 o barril e permanecer lá por meses para incentivar a destruição da demanda”, apontam, assumindo nenhum volume imediato que viria do Irã (através do acordo que poderia aumentar a produção).

Contudo, avaliam, mais a médio prazo, “as crises financeiras deste século nos ensinaram como lição que uma resposta política será necessária e há espaço político suficiente”, destacando que há alguns meios para reequilibrar a oferta.

O acordo iraniano pode aumentar imediatamente a oferta em 1 milhão barris por dia ao longo do próximos dois meses através do lançamento de armazenamento flutuante. Contudo, as notícias sobre a rapidez em se chegar a um acordo com o país são conflitantes.

O banco também cita que os membros da Agência Internacional de Energia (AIE) atualmente possuem estoques de emergência de 1,5 bilhão de barris, além de 2,7 bilhões de barris em estoques comerciais. Para acalmar os mercados e manter o preço ancorado em cerca de US$ 100, a agência poderia se comprometer a liberar 50 milhões de barris por mês para o resto do ano, ou ainda mais.

A produção dos EUA poderia ser incentivada a crescer mais do que os atuais 2% a 3% do guidance (projeção) das maiores operadoras de exploração e produção, principalmente se a crise energética é declarada como um problema de segurança nacional.

A falta de cooperação da Opep+, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, também não passará despercebida. A Organização teria capacidade de liberar rapidamente 1,5 milhão de barris de oferta, mas, até o momento, não há indícios de que o grupo altere seu plano atual de aumentar a produção gradualmente a 400 mil barris por dia.

“Assumindo a interrupção do abastecimento russo com duração de quatro meses, uma política responsável poderia ajudar a preencher a lacuna de oferta, mas apenas no fim do ano”, avaliam.

Os analistas mantêm a projeção de preços, projetando o preço do petróleo brent a uma média de US$ 110 o barril no segundo trimestre de 2022,  US$ 100 o barril no terceiro trimestre e US$ 90 nos últimos três meses do ano, com os
preços subindo até US$ 120 o barril nesse meio tempo. Sem barris iranianos, os preços do petróleo ficariam em média a US$ 115 no segundo trimestre, US$ 105 no período seguinte e US$ 95 no quarto trimestre.

Com informação da InfoMoney

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