A professora Noadias Castro Braz de Novaes(foto), pedala
debaixo do sol munida com materiais escolares, máscara, luvas e álcool 70%. Ela
percorre ruelas de areia em meio a cactos e arbustos no sertão de Itapipoca, um
município no interior do Ceará. Sai de casa antes das 7h a caminho do lar de
estudantes.
Assim que o Ceará fechou os colégios no início da pandemia
do covid-19, em março do ano passado, Noadias colocou a mão na cabeça e pensou:
"E agora? Como eu vou ensinar esses meninos?". Ela é professora na escola
municipal Alonso Pinto de Castro, em um distrito rural chamado Betânia de
Cruxati.
O caminho encontrado pela professora foi criou, por conta
própria, o projeto Atendimento Educacional Especializado na Pandemia, em que dá
aula na frente da casa das famílias. "Durante a pandemia, muitos alunos
deixam de estudar e não fazem as tarefas. Mas, com o projeto, os alunos estão
estudando", conta.
Noadias dá aulas para estudantes entre 7 e 14 anos com algum
tipo de deficiência intelectual. O projeto começou com 10 alunos matriculados e
hoje atende 32 crianças - irmãos de alunos e até vizinhos, com ou sem
deficiência. "São ações pequenas que a gente faz para ajudar", diz. A
maioria mora em regiões distantes e não tem acesso à internet em casa. Os alunos
são filhos de pequenos agricultores e fazem parte de famílias numerosas com até
7 irmãos. Alguns pais só sabem escrever o próprio nome, e também participem das
aulas enquanto os seus filhos aprendem no portão de casa.
"Eu gosto de incluir os pais para cantar uma música e
acompanhar as atividades dos filhos. Assim eles vão criando o hábito de estudos
dentro de casa.".
Faça chuva ou sol, a professora ensina as crianças na
calçada em aulas que incluem jogos e atividades para desenvolver a parte
cognitiva e motora dos estudantes.
Blog: parabéns Professora!
Aline Takashima
Colaboração para Ecoa, de Florianópolis (SC) com UOL
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