PETRÓLEO: mundo ficará menos dependente da Opep, aponta especialista

 O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, recebeu pouco apoio dos maiores analistas de petróleo do mundo em seu apelo à aliança Opep+ para elevar a produção e apoiar a recuperação global.

Longe de ecoar o pedido por mais petróleo, todos cortaram estimativas sobre quanta oferta do grupo será necessária para equilibrar o mercado nos próximos trimestres.

A Agência Internacional de Energia, a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo reduziram suas projeções da necessidade de petróleo da Opep em quase todos os trimestres até o fim de 2022. As duas revisões para cima nas 18 previsões foram mínimas.

A AIE e a Opep, sediadas em Paris, observam um crescimento mais forte da oferta de membros que não pertencem à Opep em relação ao mês anterior.

Mas muito disso é simplesmente reflexo do acordo alcançado pelos produtores da Opep+ em 18 de julho, logo após a publicação das previsões daquele mês.

Com esse pacto, a meta de produção do grupo foi elevada em 400 mil barris por dia mensalmente até que todo o petróleo retirado do mercado em 2020 seja restaurado, um processo que deve durar até setembro de 2022, se não houver mais alterações.

Desse aumento mensal, quase 150 mil barris por dia devem vir de membros fora da Opep, com mais de 100 mil barris por dia somente da Rússia.

Como o país recebeu um ponto de partida irrealisticamente alto de 11 milhões de barris por dia para seus cortes de produção no ano passado, os aumentos planejados levariam a oferta russa a novas máximas em 2022, níveis difíceis de atingir.

Caso não consiga – ou qualquer um dos outros membros que não pertencem à Opep na aliança Opep+ – alcançar suas metas de aumento de produção, o déficit deve soar como um apelo mais forte aos integrantes do cartel.

Mas o aumento da produção de países fora da Opep pode não ser o único problema que produtores do grupo terão que enfrentar nos próximos meses.

De acordo com a AIE, o crescimento da demanda por petróleo parece mais lento do que há um mês, agravando o efeito do aumento da oferta fora da Opep.

A demanda global por petróleo “reverteu abruptamente o curso” no mês passado, caindo ligeiramente depois de subir 3,8 milhões de barris por dia em junho, disse a agência.

A rápida propagação da variante delta é vista pela AIE como uma desaceleração do crescimento da demanda por petróleo ao longo de 2021, com novas restrições de mobilidade pesando sobre o consumo de combustíveis.

A agência reduziu a previsão de demanda global por petróleo para o segundo semestre do ano em 550 mil barris por dia em relação ao nível previsto há apenas um mês.

Esse pessimismo ainda não é compartilhado por todos, no entanto. A Administração de Informação de Energia fez apenas uma pequena revisão para baixo em sua previsão para a demanda do quarto trimestre, com um modesto corte de 90 mil barris por dia, enquanto a Opep deixou sua estimativa de demanda para o resto do ano praticamente inalterada em relação ao mês passado.

Com o petróleo Brent sendo negociado perto de US$ 71 o barril, uma queda de cerca de 7% neste mês, e previsões de grupos de produtores e consumidores sugerindo que a necessidade de petróleo pode ser menor do que se pensava, a Opep dificilmente entregará os barris adicionais pedidos pelo governo Biden.

Money Time

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